O anúncio de que os Estados Unidos aprovaram um pacote de ajuda militar de U$ 2,5 bilhões para Israel no mesmo momento em que pressionam Tel Aviv a não atacar Rafah causou fortes reações entre os palestinos.
O governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu recuou depois do anúncio da remessa, noticiado pelo diário Washington Post.
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Voltou atrás na decisão de não enviar uma delegação para discutir o ataque a Gaza com o Pentágono.
O governo Biden afirma que a invasão a Rafah, onde há mais de 1 milhão de palestinos refugiados, não é necessária para eliminar o Hamas e apenas agravaria a crise humanitária, com repercussão internacional.
Netanyahu continua falando em "vitória total" e sustenta que atacar Rafah é essencial.
Apesar de o Conselho de Segurança das Nações Unidas ter aprovado cessar-fogo imediato, com os EUA se abstendo, Israel segue desconhecendo a decisão.
Não apenas isso, mas em algumas horas atacou Gaza, o Líbano, a Síria e a Cisjordânia.
No Líbano, Israel nega que tenha sido responsável pelo ataque que feriu três observadores das Nações Unidas e seu tradutor.
A agência de notícias do Líbano atribuiu o ataque a um drone de Israel.
Neste domingo, 31, Israel acertou uma tenda onde estavam jornalistas ao atacar o Hospital dos Mártires de Al-Aqsa, em Gaza.
COMIDA E BOMBAS
Na sexta-feira, 29, os Estados Unidos anunciaram que despejaram 46 mil refeições sobre o norte de Gaza, a região do território mais afetada pela crise humanitária.
São os chamados Meal Ready to Eat [MRE], refeições prontas que pesam cerca de 500 gramas cada.
Esta ação de relações públicas do governo Biden tem pequeno impacto.
Citado pela agência Reuters, o diretor do Programa Mundial de Alimentos afirmou que é preciso dobrar o número de caminhões que entram em Gaza para atender às necessidades da população, de 150 para 300.
Todos os caminhões passam por um processo de revista de Israel antes de entrar em Gaza e poucos comboios chegam ao norte, onde a destruição causada pelos bombardeios é generalizada.
Num comunicado do último dia 25, a UNICEF falou em emergência:
31% – ou 1 em cada 3 crianças com menos de 2 anos de idade – do norte da Faixa de Gaza sofrem de subnutrição aguda, um aumento surpreendente face aos 15,6% registrados em janeiro.
Israel nega que esteja usando a fome como arma de guerra, o que vem sendo denunciado por grupos como o Human Rights Watch desde dezembro do ano passado.
Até o chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, um aliado de Israel, afirmou recentemente que este é o caso.
Ao mesmo tempo em que usa aviões cargueiros C-17 para jogar comida sobre os palestinos, os EUA estão fornecendo 1.800 bombas de 925 quilos e 500 bombas de 227 quilos para Israel, além de 25 caças F-35A.
Hanan Daoud Ashrawi, uma conhecida porta-voz dos palestinos no Ocidente, resumiu:
A hipocrisia das palavras vazias e das lágrimas de crocodilo de Biden sobre o ‘desastre humanitário’ em Gaza, enquanto despeja sobre Israel os suprimentos militares mais letais e destrutivos, capazes de pulverizar edifícios e seres humanos instantaneamente, é surpreendente!
PAPA VOLTA A FAZER APELO
Neste domingo de Páscoa para os cristãos, o papa Francisco voltou a apelar por um cessar-fogo e pela libertação dos reféns:
Quanto sofrimento vemos nos olhos das crianças, as crianças se esqueceram de sorrir nessas zonas de guerra. Com os olhos, as crianças nos perguntam: Por quê? Por que toda essa morte? Por que toda essa destruição? A guerra é sempre um absurdo e uma derrota.
Em Jerusalém, a missa na igreja do Santo Sepulcro estava quase vazia.
Até agora, os ataques de Israel a Gaza mataram 32.782 pessoas e feriram 75.298, de acordo com o Ministério da Saúde local. 70% são mulheres, bebês, crianças e adolescentes.
As negociações entre o Hamas e Israel deveriam ser retomadas neste domingo no Egito.