O democrata Joe Biden atingiu oficialmente esta noite, na Geórgia, o número de delegados suficente para se tornar o candidato do partido à Casa Branca -- e Donald Trump deve fazer o mesmo mais tarde, quando forem apurados os votos da primária republicana do Havaí.
Porém, a permanência do nome da ex-governador Nikki Haley na cédula revelou um sinal preocupante para Trump.
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No início da apuração, Haley tinha cerca de 16% dos votos na Geórgia, apesar de ter desistido oficialmente da candidatura no dia 6 de março.
Isso significa que ela já tinha obtido 13 mil votos na Geórgia, mesmo sem concorrer.
Em 2020, Biden derrotou Trump na Geórgia por apenas 12 mil votos, tornando-se o primeiro democrata a vencer em um estado do Sul dos EUA em quase 30 anos.
PARA ONDE VÃO OS VOTOS DE HALEY?
Trumpistas acusavam Haley de ser um "implante" democrata na campanha, alegando que ela recebeu financiamento de milionários dispostos a alijar Trump.
Eles apontam para o fato de que, mesmo depois de ter sido derrotada por Trump no estado que governou, a Carolina do Sul, ela se manteve na disputa.
Os indícios são de que os votos de Haley são de republicanos moderados, dispostos a atravessar a linha partidária em novembro para negar a Trump um segundo mandato.
A Geórgia é um dos estados decisivos para as eleições deste ano. Sofreu fortes mudanças demográficas nas últimas décadas, com a chegada de grandes empresas e migrantes e imigrantes.
É um dos estados em que o discurso violento de Trump contra a imigração pode beneficiá-lo na zona rural, mas apenas com eleitores que votariam nele de qualquer maneira.
No entorno de Atlanta, vivem mais de 1 milhão de imigrantes.
Até agora, o republicano foi capaz de contornar todas as barreiras diante de sua candidatura.
No dia 25 de março, porém, começa em Nova York o julgamento em que Trump pode ser condenado por pagar cala-boca a uma mulher que teve um caso com ele.
Enquanto ele está ocupado com questões legais, o presidente Biden viaja por estados-chave, numa pré-campanha em que trata de tópicos essenciais, como assistência de saúde aos estadunidenses.
Baseados nas últimas pesquisas e na aparência claudicante de Biden em eventos públicos, analistas tem falado em favoritismo de Trump.
Porém, a economia dos Estados Unidos vem dando sinais de vigor e os resultados desta noite na Geórgia podem constituir um sinal vermelho a acender no painel da campanha republicana.
Os eleitores de Haley estão expressando um protesto duradouro, que pode custar a eleição a Trump numa disputa acirrada?
Como o voto não é obrigatório nos Estados Unidos, o simples não comparecimento pode causar danos ao candidato do partido.
Pesquisas de boca-de-urna feitas pela rede CNN em New Hampshire, Carolina do Sul, Virginia, Carolina do Norte e Califórnia mostraram que 79% dos que votaram em Haley ficariam insatisfeitos se Trump fosse o candidato do partido contra Biden.