O soldado da Força Aérea dos EUA, Aaron Bushnell, que morreu aos 25 anos no último domingo (25) após praticar a autoimolação diante da Embaixada de Israel em Washington, em protesto contra o genocídio palestino em Gaza, afirmou a um amigo próximo, na noite anterior à tragédia, que sabia informações sigilosas sobre as ações dos EUA nos túneis de Gaza. A revelação foi feita ao jornal New York Post (NYP).
Bushnell serviu na Ala de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento da Força Aérea, mas também interagiu com grupos anarquistas na internet. E foi numa dessas interações que ele anunciou, através do perfil “LillyAnarKitty”, que tomaria um “ato extremo” pois não queria mais ser cúmplice do genocídio palestino.
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Na conversa com o amigo na noite anterior, ele disse que tinha uma "autorização secreta" para acessar dados de inteligência militar. "Ele me disse que temos tropas nesses túneis de Gaza, que são soldados dos EUA participando dos assassinatos", alegou o amigo, cujos laços com Bushnell foram verificados pelo NYP e existem desde a adolescência de ambos.
"Seu trabalho real envolve o processamento de dados de inteligência. Algo do que ele estava processando tinha a ver com o conflito entre Israel e Gaza. Uma das coisas que ele me disse é que, passando por sua mesa, estava o envolvimento do exército dos EUA no genocídio que ocorre na Palestina. Ele me disse que tínhamos tropas no terreno, que estavam lá e estavam matando um grande número de palestinos. Há muitas coisas que eu não sei, mas posso dizer que o tom de voz dele tinha algo que me dizia que ele estava com medo. Nunca ouvi aquele tom sair dele", disse o amigo.
O NYP frisa logo após essa declaração que embora Bushnell tenha afirmado que transmitia informações ultrassecretas para seu amigo, não há como verificar se isso é verdade. O jornal pondera que a própria Casa Branca já declarou publicamente e por diversas que não colocará tropas dos EUA no terreno em Gaza, e o presidente Biden disse que espera negociar um cessar-fogo nessa semana.
Forças especiais dos EUA se instalaram em Israel em 7 de outubro logo após a operação Al-Aqsa, levada a cabo pelo Hamas e que vitimou cidadãos israelenses. O papel dos militares yankees ali, segundo outro jornal dos EUA, o The New York Times, seria o de "identificar reféns, incluindo reféns americanos".
Além disso, as tropas também teriam auxiliado o exército de Israel nas supostas operações de expulsão de membros do Hamas dos túneis de Gaza. Mas os documentos oficiais não apontam, com exatidão, o papel cumprido pelas forças. A Força Aérea confirmou o cargo de Bushnell mas não especificou que tipo autorização de segurança ele tinha.
“Não apoia o Hamas”
O amigo de Buchnell afirmou ao NYP que o soldado "não apoia o Hamas de forma alguma" e disse que ficou surpreso com as declarações do velho amigo, pois Bushnell nunca havia violado sua função militar anteriormente.
"Ele tem autorização de segurança há quatro anos, e é a única vez que ele, até onde sei, quebrou o protocolo e divulgou informações que não deveria. Ele estava assustado,'' disse o amigo.
O amigo disse que não tinha ideia de que Bushnell, que conhecia como um "cristão devoto", cometeria suicídio. Especialmente porque o soldado anteriormente lhe disse que era contra tal prática. "Para Aaron ter feito o que fez, havia coisas que anulavam essa posição que ele tinha a favor da vida. Quando soube o que aconteceu, minha reação inicial foi: 'isso não pode ser real.' O suicídio não é algo que Aaron faria", declarou o amigo.
"Eu disse a ele para seguir sua consciência, isso sempre o levou na direção certa antes [o amigo não sabia dos planos de autoimolação]. Aaron era muito analítico, ele teria tomado esse tipo de decisão depois de pensar muito sobre isso. Se apresentava externamente como a pessoa mais calma, tranquila e equilibrada que você jamais conhecerá. Você assiste ao vídeo dele e vê o quão calmo, tranquilo e equilibrado ele é, e essa é sua personalidade normal,” acrescentou.
Atenção
A Fórum tem a política de ser transparente com seus leitores, publicando casos de suicídio e fazendo alertas sobre a necessidade de se buscar ajuda em situações que possam levar a pessoa a tirar a própria vida.
Se você tem ideações do tipo e precisa de ajuda ou informações, há meios acessíveis que fornecem apoio emocional e preventivo ao suicídio. Confira abaixo:
- Centro de Valorização da Vida (CVV) – 188 (ligação gratuita);
- CAPS e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da Família, Postos e Centros de Saúde);
- UPA 24H, SAMU 192, Pronto Socorro;
- Hospitais.