Em meio à repercussão das duras críticas ao genocídio perpetrado pelo governo sionista de Israel na Faixa de Gaza, o presidente Luis Inácio Lula da Silva se reúne na manhã desta quarta-feira (21) com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e passa a protagonizar o levante mundial pela paz no território palestino.
O encontro de Lula com Blinken acontece dias após o secretário estadunidense encontrar Isaac Herzog, presidente de Israel, em Munique, pedindo "uma pausa humanitária prolongada" em Gaza.
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Logo depois, às 14h, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, abre a reunião com chanceleres do G20, que acontece na Marina da Glória, no Rio de Janeiro.
Nova governança global
O Brasil preside o grupo e vai colocar como pauta principal a reforma dos organismos multilaterais e um novo sistema de governança global, uma das principais bandeiras de Lula, que foi citada, inclusive, na declaração em que o presidente brasileiro comparou o massacre de Israel em Gaza à matança de judeus por Adolph Hitler.
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Lula iniciou a declaração criticando a suspensão da ajuda humanitária para a UNRWA, agência das Nações Unidas de Assistência e Trabalho para Refugiados da Palestina no Oriente Próximo - na sigla em inglês - após lobby de Israel
Em janeiro, mais de 10 países, entre eles os Estados Unidos e a França, interromperam o envio de dinheiro depois que funcionários da organização foram acusados sem provas por Israel de ajudar o Hamas a atacar o país em 7 de outubro de 2023.
"Ora, se teve algum erro nessa instituição que recolhe o dinheiro, então apura-se quem errou. Mas, não suspenda a ajuda humanitária a um povo que está há quantas décadas tentando construir seu Estado", disse Lula.
"O Brasil vai reconhecer na ONU que o Estado palestino seja reconhecido oficialmente como pleno e soberano. [...] É preciso parar de ser pequeno quando a gente deve ser grande. O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existe em nenhum momento histórico... Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus", emendou o presidente brasileiro.
Em seguida, Lula voltou a apontar a fragilidade dos organismos multilaterais, em especial do Conselho de Segurança da ONU, na mediação de conflitos pelo mundo.
"Nós não temos governança. Eu digo todo dia: a invasão do Iraque não passou pelo Conselho de Segurança da ONU, a invasão da Líbia não passou pelo Conselho de Segurança da ONU, a invasão da Ucrânia não passou pelo Conselho de Segurança da ONU. E a chacina de Gaza não passou pelo Conselho de Segurança da ONU. Aliás, as decisões do Conselho não foram cumpridas [por Israel] e tampouco foi cumprida a decisão do Tribunal Penal no processo da África do Sul [que acusou o estado sionista de genocídio]. O que estamos esperando para humanizar o ser humano? É isso o que está acontecendo no mundo. O Brasil condenou o Hamas, mas o Brasil não pode deixar de condenar o que o Exército de Israel está fazendo na Faixa de Gaza", disse.
G20
Além do combate à fome no mundo, Lula tem buscado apoio em todo o mundo para sua proposta de uma nova governança global, que reforme instituições multilaterais incluindo a participação dos chamados países periféricos.
Em discurso no Cairo, antes de partir para a Etiópia - onde fez a declaração contra Israel -, Lula pediu apoio ao presidente egípicio Abdel Fattah Al-Sisi para a proposta da presidência brasileira do G20 à reforma da governança global, incluindo instituições como a Organização das Nações Unidas (ONU).
"É lamentável que as instituições multilaterais que foram criadas para ajudar a solucionar esses problemas, elas não funcionam. Por isso, o Brasil está empenhado, esperamos contar com o apoio do Egito, para que a gente consiga fazer as mudanças necessárias nos órgãos de governança global", disse Lula, que tratará do tema na reunião com Blinken.
Para isso, Lula convidou para a reunião do G20, além de representantes de todos os membros do grupo, ministros de Relações Exteriores de Angola, Egito, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Nigéria, Noruega, Portugal e Singapura.
Além disso, o presidente brasileiro estendeu o convite a representantes de instituições como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BIRD, também conhecido como “Banco Mundial”), a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), a Corporação Andina de Fomento (CAF), o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), a Organização das Nações Unidas (ONU), a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura (UNESCO), a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Mundial do Comércio (OMC).
Além disso, heverá representantes de Ministério das Relações Exteriores de Bolívia, Paraguai e Uruguai, bem como a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a Organização para o Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).