O presidente da Argentina Javier Milei comprovou que não é só um ultraliberal de extrema direita com ideias puramente econômicas. Em postagem no X (antigo Twitter) nesta sexta-feira (16), o mandatário argentino conseguiu orgulhar o finado Olavo de Carvalho com um texto completamente sem sentido sobre Gramsci e marxismo cultural.
Milei, que não conseguiu aprovar nenhum projeto no parlamento argentino e botou a inflação argentina nas alturas, decidiu eleger um novo inimigo para seu fronte neoliberalíssimo: o “marxismo cultural”.
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Diz o presidente argentino que a culpa de todos os problemas do país - e que, até o momento, se mostrou incapaz de resolver - é, na verdade, uma teoria da conspiração sobre a esquerda: a de que existe um plano secreto comunista para dominar culturalmente as instituições e a cultura.
Milei contra a classe artística
Tudo começou porque uma famosa atriz argentina, Lali Esposito, se tornou uma voz contra as medidas de Milei que decepam o financiamento à cultura no país. Esposito, tal como Ricardo Darín e outros artistas, levantou sua voz contra o extremista.
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“Participei de vários shows municipais em todos os governos, como a maioria de artistas inscritos maravilhosos que tem o nosso país. A cultura não só gera muito trabalho, mas também constrói e narra a identidade de um povo e, sobretudo, gera alegria e emoção. Respeito, ainda que não compartilhe, que seu plano de governo não priorize a cultura, mas acho que a demonização de uma indústria e das pessoas que formam parte dela não seria o caminho, sinto que a assimetria de poder entre o senhor e os que ataca por pensar diferente, a informação falsa retorna ao seu discurso injusto e violento”, disse Lali em postagem no X.
A resposta de Milei? Atacar ainda mais a classe artística. “Gramsci destacou que para implementar o socialismo era necessário introduzi-lo através da educação, da cultura e da mídia. A Argentina é um grande exemplo disso. Quando você expõe a hipocrisia de qualquer vaca sagrada de liberais de pensamento correto, suas cabeças explodem e eles imediatamente recorrem a todos os tipos de respostas emocionais e acusações falsas e malucas para defender com unhas e dentes seus privilégios”, afirmou.
Para ele, as críticas moderadas de Lali contra os cortes de investimento na cultura são puro e simples “marxismo cultural”. “O mais maravilhoso da batalha cultural trazida à política versada no princípio da revelação é que quando se aponta as vacas sagradas de Gramsci, gera-se automaticamente uma linha de separação entre aqueles que vivem dos privilégios do Estado e pessoas boas”, completa.
“O problema aqui não é uma atriz. É uma arquitetura cultural desenhada para sustentar o modelo que beneficia os políticos. Bem, estamos aqui para acabar com isso”, delirou Milei.