Durante coletiva de imprensa no Cairo ao lado do presidente do Egito Abdel Fateh al-Sisi, o mandatário brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva teceu duras críticas ao Conselho de Segurança da ONU e exigiu um acordo de paz e cessar-fogo para a Faixa de Gaza.
Durante o discurso, Lula reiterou as críticas do estado brasileiro ao Hamas e ao que descreveu como "atos terroristas", mas afirmou que nenhuma dessas atitudes pode justificar o que ocorre em Gaza nesse momento.
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Até o momento, pelo menos 28.340 pessoas morreram no território palestino, incluindo mais de 12.150 crianças e 8.300 mulheres, com mais de 7 mil desaparecidos ou soterrados nos escombros.
"O Brasil foi um país que condenou de forma veemente a posição do Hamas no ataque a Israel e ao sequestro de centenas de pessoas. E nós condenamos e chamamos o ato de ato terrorista", disse Lula, relembrando os atos de 7 de outubro de 2023.
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"Mas não tem nenhuma explicação o comportamento de Israel, a pretexto de derrotar o Hamas, estar matando mulheres e crianças, coisa jamais vista em qualquer guerra que eu tenha conhecimento", completou.
O governo Netanyahu ordenou a invasão de Rafah, cidade mais ao sul da Faixa de Gaza, onde mais de 1,5 milhão de pessoas estão vivendo em barracas refugiadas da destruição causada pelo exército israelense em Gaza, Jabalyia, Khan Younis e Deir al Balah.
Lula falou também em fortalecer o Conselho de Segurança da ONU e reiterou que o órgão foi completamente ineficaz nos últimos anos.
"As últimas guerras que tivemos, a invasão ao Iraque não passou pelo Conselho de Segurança da ONU. A invasão à Líbia não passou pelo Conselho de Segurança da ONU. A Rússia não passou pelo Conselho de Segurança para fazer a guerra com a Ucrânia. E o Conselho de Segurança não pode fazer nada na guerra entre Israel e a Faixa de Gaza. A única coisa que se pode fazer é pedir paz pela imprensa, mas que me parece que Israel tem a primazia de não cumprir nenhuma decisão emanada da direção das Nações Unidas", completou Lula.
Veja vídeo da transmissão:
Fortalecimento de relações com o Egito
Durante o evento, Lula também confirmou o desejo de transformar o Cairo em parceiro estratégico. Atualmente, o Egito é o país africano que mais comercializa com o Brasil e, recentemente, confirmou sua entrada no Brics.
"Na reunião que mantive com o presidente Al-Sisi discutimos temas e ações que farão nossa cooperação voltar a crescer na esfera bilateral e se expandir nos foros multilaterais. Propus ao presidente elevar nossas relações ao nível de Parceria Estratégica. Porque dois países que são importantes nos seus continentes, que têm o tamanho das populações que têm o Egito na África e o Brasil na América Latina, não podem ter uma relação pequena", continuou Lula.
"A nossa relação tem que ser muito forte, muito grande, e envolver todas as atividades possíveis, da agricultura à defesa, da economia à ciência e tecnologia, da nossa relação conjunta para tentar democratizar o funcionamento das Nações Unidas, no campo da educação, no campo da cultura", completou o presidente.