O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se arrepende de não ter concorrido à reeleição em 2024 e diz que, mesmo com pesquisas desfavoráveis, derrotaria Donald Trump.
Essa constatação vem de fontes da Casa Branca citadas pelo jornal The Washington Post em reportagem publicada neste sábado (28). Intitulada Joe Biden’s lonely battle to sell his vision of American democracy (A batalha solitária de Biden para promover a democracia estadunidense, em tradução livre), a matéria analisa o legado do democrata e destaca seus esforços para restaurar a confiança nas instituições democráticas dos Estados Unidos.
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Arrependimentos e decisões estratégicas
Biden revelou a aliados que considera um equívoco a escolha de Merrick Garland como procurador-geral, criticando a lentidão do Departamento de Justiça em processar Trump pelo papel na insurreição de 6 de janeiro de 2021 com a invasão e depredação do Capitólio. Ao mesmo tempo, o órgão enfrentava pressão por investigações contra Hunter Biden, filho do presidente.
Outro arrependimento do democrata foi não ter colocado seu nome nos cheques de alívio econômico distribuídos durante a pandemia, decisão que garantiu maior visibilidade a Trump. Biden também lamenta o desempenho em um debate decisivo contra o republicano, no qual enfrentou dificuldades para articular suas ideias e rebater acusações.
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A desistência da reeleição
Biden abandonou a campanha pela reeleição após pressão de democratas preocupados com uma possível derrota para Trump. Kamala Harris assumiu a candidatura, mas teve pouco tempo para consolidar uma estratégia eficaz. Apesar disso, o presidente acredita que poderia ter vencido Trump caso permanecesse na disputa.
Críticos apontam que a hesitação de Biden em abrir mão da candidatura prejudicou Harris, deixando-a com poucos meses para mobilizar eleitores.
“Biden havia prometido ser um presidente de transição, passando o bastão para uma nova geração. Quando decidiu buscar um segundo mandato, quebrou essa promessa conceitual”, avaliou o senador Richard Blumenthal (Democrata de Connecticut).
Legado e desafios
O mandato de Biden foi marcado por esforços para restaurar a normalidade democrática após o governo Trump, com ênfase em processos tradicionais e políticas bipartidárias. Entre as realizações, destacam-se investimentos históricos em infraestrutura, estímulo à indústria de semicondutores e iniciativas climáticas. Contudo, o presidente enfrentou dificuldades para reduzir a polarização política e consolidar seu legado como antítese ao trumpismo.
Assessores de Biden defendem que suas realizações terão impacto duradouro, mesmo que não tenham sido plenamente reconhecidas durante o mandato.
“Ele liderou em um momento extremamente desafiador, aprovando legislações importantes com uma maioria mínima no Senado”, destacou Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional.
Transição de poder
Ao encerrar seu mandato e uma carreira política de 50 anos, Biden se prepara para a transição de poder. Em um gesto de respeito às normas democráticas, participará da posse de Donald Trump em 20 de janeiro, mesmo após anos de críticas ao republicano por desafiar a democracia dos EUA.
A saída de Biden reflete o embate entre uma liderança pautada pelo compromisso e os desafios de governar em uma era de comunicação rápida e ideologicamente polarizada. Enquanto seus críticos questionam decisões estratégicas, o presidente mantém a convicção de que suas políticas beneficiarão o país no longo prazo.
Com informações de The Washington Post.