É GUERRA

Potência da Otan expande gastos militares em nível histórico e gera preocupação

Os gastos mais significativos do país em orçamento militar atingiram nível histórico em 2024 e foram apontados como um sinal de ameaça dos perigos de guerra

Soldado em veículo militar.Créditos: Pixabay
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A Alemanha tem se dedicado a uma expansão significativa de seu orçamento militar e ao desenvolvimento e aquisição de novas tecnologias de defesa.

Motivada pelo contexto geopolítico turbulento da Europa, que vê se acirrar o conflito entre Rússia e Ucrânia, e pelos estímulos do novo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, a um aumento de gastos militares entre membros da Otan, a potência ocidental fez uma promessa: "Gastar mais" em 2025. 

A promessa foi feita por Boris Pistorius, ministro de Defesa alemão, em setembro de 2024, durante um discurso ao parlamento da Lituânia, conforme narra o Atlantic Council

A Otan "exige" de seus membros um orçamento de defesa correspondente a pelo menos 2% do PIB total. Em fevereiro de 2024, a Alemanha comunicou à aliança militar que, pela primeira vez em mais de 30 anos, conseguiria chegar perto dessa estimativa, mobilizando cerca de US$ 73,41 bilhões em gastos militares.

Desde 2022, quando a Rússia ocupou a Ucrânia, Berlim tem feito mais esforços pelos investimentos militares, a exemplo de um fundo militar especial de 1 bilhão de euros destinado a gastos com seu exército nacional. 

O país tem sido um dos apoiadores mais substanciais da Ucrânia na Europa e, no começo de dezembro, anunciou um pacote de 650 milhões de euros em auxílio ao país, além de comboios de armamentos e munições cujos envios se iniciaram já em 2022.

Os gastos mais significativos da Alemanha em seu orçamento militar foram apontados como mais um sinal de ameaça potencial dos perigos de guerra previstos para a próxima década por um relatório do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), de fevereiro de 2024.

Em julho, o Exército norte-americano anunciou que, até 2026, deve instalar, em parceria com a Alemanha, um sistema de mísseis de alcance médio em território alemão, composto por um míssil multiuso (SM-6), um míssil de cruzeiro para ataque terrestre (Tomahawk) e um míssil hipersônico ainda em desenvolvimento. 

"Devemos estar prontos para a guerra até 2029", afirmou o chefe de defesa da Alemanha, durante uma sessão da câmara baixa do parlamento (Bundestag). Essa prontidão foi descrita como um elemento de dissuasão, mas levanta preocupações, assim como a intenção de retomar o serviço militar obrigatório no país, que não está em vigor desde 2011.

Para a satisfação do governo, pesquisas de opinião apontam que metade dos cidadãos alemãos está em concordância com essa iniciativa. 

Abrigos antiaéreos

Um outro investimento de defesa no país tem sido a reconstrução e modernização de abrigos antiaéreos estratégicos para a população civil, coordenada pelo Departamento Federal de Proteção Civil e Assistência em Desastres. O mesmo movimento está sendo visto em países como Finlândia e Suíça, perigosamente próximos da Rússia.

O orçamento militar provisório da Alemanha para o ano de 2025 está projetado para 52 bilhões de euros até agora, mas isso não deve ser capaz de cobrir a meta estabelecida pela Otan. Para Pistorius, há um déficit de até 4,5 bilhões de euros nessa estimativa.

Resta saber se o governo alemão, cujo orçamento público está, de modo geral, "paralisado" até o começo do ano que vem, devido a turbulências internas da sua coalizão governista, vai conseguir cumprir com a promessa que fez à Otan pela primeira vez desde a década de 1990.

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