GUERRA TOTAL

Putin agora se vê pressionado na Síria e na Geórgia

EUA tiram proveito de novas frentes que criam dificuldades para Moscou

Avanço.Os militantes islâmicos tiveram avanço rápido na Síria e agora são combatidos por Rússia e Irã.Créditos: Reprodução X
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Enquanto Donald Trump não assume a Casa Branca, em 20 de janeiro de 2025, o governo Biden aparentemente turbinou, por debaixo dos panos, novas frentes de embaraço para Vladimir Putin, em países-chave para Moscou.

Hoje, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que os manifestantes pró-Ocidente na Geórgia estão tentando repetir a 'revolução colorida' que derrubou o governo da Ucrânia em 2014.

“O paralelo mais direto que pode ser traçado é com os eventos do Maidan na Ucrânia. Todos os sinais são de uma tentativa de realizar uma ‘revolução laranja'", afirmou Peskov.

Nas eleições parlamentares de 26 de outubro, o partido Georgia Dream venceu com 54%, mas a oposição alega que houve fraude e tem promovido grandes manifestações em Tbilisi.

O pleito era tido como decisivo para o futuro do país, uma vez que o primeiro-ministro Irakli Kobakhidze trabalha para normalizar as relações com Moscou.

A Rússia ocupa cerca de 20% do território reivindicado como seu pela Geórgia depois da guerra de 2008, em que os russos apoiaram a autonomia das regiões da Ossétia do Sul e da Abkhazia.

Reprise da Ucrânia

Assim como aconteceu na Ucrânia, os manifestantes da oposição na Geórgia estão recebendo forte apoio de países da União Europeia, inclusive com a recente presença de uma delegação parlamentar da França, Alemanha, Polônia, Suécia, Finlândia e países do Báltico.

Eles contam com o apoio da presidenta Salome Zourabichvili, que ocupa um cargo praticamente decorativo, mas está agitando através de entrevistas à mídia ocidental.

Salome disse que não vai entregar o cargo quando terminar seu mandato, por considerar o Parlamento eleito "ilegítimo".

Já o primeiro-ministro diz que a Geórgia continua interessada em ingressar na União Europeia antes de 2030, mas na prática as negociações deverão ser congeladas, por conta das denúncias de fraude.

Irã denuncia Estados Unidos

Na Síria, a recente ofensiva militar forçou Moscou a se engajar em novos combates para preservar o governo em Damasco.

Foi o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã quem denunciou:

Os recentes desenvolvimentos na Síria, considerando o cessar-fogo no Líbano [entre o Hezbollah e Tel Aviv], e as declarações dos responsáveis estadunidenses a este respeito, indicam a existência de algum tipo de coordenação e cooperação entre os terroristas, os EUA e o regime sionista [de Israel].

Na ofensiva, comandada pela Organização para a Libertação do Levante (HTS) houve rápido avanço nas provícias de Idlib e Aleppo, com a tomada desta importante cidade.

A HTS quer estabelecer um governo religioso islâmico sunita em Damasco e provavelmente rompeu o cessar-fogo por considerar que Rússia, Irã e o Hezbollah, os maiores apoiadores de Assad, estão distraídos com outras questões.

A Turquia joga um papel ambivalente no conflito. 

Os Estados Unidos apoiam as chamadas Forças Democráticas da Síria, que descrevem como "moderadas", mas também financiaram outros grupos envolvidos na guerra civil.

A coalizão que pretende derrubar Assad já gerou manchetes bizarras no passado, como esta, do Los Angeles Times:

Na Síria, milícias armadas pelo Pentágono lutam contra as que são armadas pela CIA.

Pilhagem

A HTS, força principal na recente ofensiva, é considerada oficialmente um grupo terrorista pela Rússia, Turquia e Estados Unidos.

É pouco provável que tenha força para chegar a Damasco, mas ao criar problemas militares para a Rússia já serve a interesses ocidentais.

Moscou acusa a Ucrânia de ter fornecido treinamento no uso de drones aos rebeldes da Síria.

O presidente Bashar al-Assad, que também conta com apoio diplomático da China, diz que a pretensão de Israel e do Ocidente é transformar a Síria em uma nova Líbia, que teve as fronteiras internas redesenhadas por uma guerra civil iniciada pela derrubada de Muammar Gaddafi.

De fato, o "caos planejado" enfraquece o poder central e permite que forças estrangeiras partilhem entre si os recursos naturais do país.

No caso específico da Síria, a Rússia pode se ver forçada a desviar recursos militares da ofensiva no leste da Ucrânia, onde tem tido avanços diários -- o que seria do interesse dos EUA e da OTAN.

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