O Reglone é um herbicida usado por produtores de feijão, algodão, milho, soja e diversas outras culturas, com recomendações de aplicação de até 2 litros por hectare de plantação, de acordo com o portal Mais Agro.
Amplamente utilizado no Brasil, que é um de seus maiores consumidores, esse e outros agrotóxicos que possuem o composto diquat em sua composição têm estado sob investigação de ONGs ambientais e da União Europeia desde 2018, e já tiveram seu uso banido em países do bloco e no Reino Unido.
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A causa é sua alta toxicidade e os resquícios colaterais gerados pelo contato com esses herbicidas em seres humanos, que podem incluir a paralisação de membros, vômitos e cegueira, convulsões e danos neurológicos, além de levar a cenários mais graves, como o de um acidente vascular cerebral (AVC).
O diquat, cuja substância ativa é o dibrometo de diquat, é altamente tóxico se ingerido, inalado ou se entrar em contato com a pele, além de impactar negativamente o lençol freático quando absorvido pelos solos.
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Em julho de 2018, a Comissão Europeia decidiu banir o herbicida, que foi defendido, à época, pela Syngenta, multinacional especializada em defensivos agrícolas.
“O Diquat é utilizado com segurança pelos produtores há mais de 50 anos. Sua remoção do mercado terá implicações significativas para a produção de batatas no Reino Unido. É muito mais eficaz que outras alternativas disponíveis. É também um dos dois únicos herbicidas não seletivos disponíveis para os produtores na União Europeia, onde nenhuma resistência significativa a ervas daninhas se desenvolveu", disse, em 2018, Mark Britoon, gerente de marketing da companhia.
Hoje, a Syngenta é responsável por cerca de 98% da exportação desse pesticida, que, em 2023, foi de 8.400 toneladas a partir do Reino Unido, onde ele é banido.
O Reglone também continua a ser utilizado no Brasil (entre 2019 e 2022, seu uso aumentou em até 1.400 toneladas), e ele foi responsável por pelo menos seis casos de envenenamento por ano até 2023 no estado do Paraná, um dos seus maiores utilizadores, de acordo com O Tempo.
Investigações da Greenpeace, organização internacional não-governamental dedicada a temas ambientais, revelaram que esse e outros pesticidas à base de diquat têm sido exportados do Reino Unido para países em desenvolvimento, dos quais se destaca o Brasil, já apontado pela ONU como o país que mais usa agrotóxicos no mundo.
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Em 2023, o Greenpeace mostrou que 50 amostras do limão verde importado do Brasil e vendido em supermercados europeus tinham resíduos de agrotóxicos proibidos na Europa.
Agora, o movimento é contrário, com pesticidas proibidos na Europa sendo importados pelo Brasil.