O segundo mandato do extremista Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos representa uma grave ameaça aos direitos humanos não só no país como em todo o mundo. Esse é o alerta feito pela organização internacional Human Rights Watch nesta sexta-feira (6) logo após o resultado das eleições.
A preocupação da organização tem base no histórico de abusos de direitos humanos de Trump durante seu primeiro mandato. Destacam se- seu apoio à ideologia e apoiadores supremacistas brancos, propostas de políticas antidemocráticas e contrárias aos direitos humanos de organizações lideradas por ex-assessores, além de promessas de campanha, incluindo a detenção e deportação de milhões de imigrantes e retaliação a adversários políticos.
Te podría interesar
“Donald Trump não esconde sua intenção de violar os direitos humanos de milhões de pessoas nos Estados Unidos”, afirma Tirana Hassan, diretora executiva da Human Rights Watch. “Instituições independentes e grupos da sociedade civil, incluindo a Human Rights Watch, precisarão fazer tudo ao seu alcance para que ele e sua administração sejam responsabilizados por abusos", completa.
A organização ressalta que promessas de Trump durante sua campanha de 2024 aumentam ainda mais as preocupações em um segundo mandato, tanto a nível nacional quanto internacional. A HRW relembra que, em 2023, Trump disse que não seria um ditador, “exceto no primeiro dia” no cargo. Além disso, o extremista elogiou repetidamente autocratas como Viktor Orban, Vladimir Putin e Kim Jong Un. Trump também propôs políticas que enfraqueceriam as instituições democráticas que protegem os direitos humanos e diminuiriam os controles sobre a autoridade presidencial.
Te podría interesar
A organização acrescenta que a ameaça de abuso de poder no Executivo é ainda mais preocupante devido a uma recente decisão da Suprema Corte dos EUA que concede aos presidentes ampla imunidade contra processos criminais por ações oficiais realizadas no cargo.
As medidas de Trump para o novo mandato estariam no "Projeto 2025", um plano de governo escrito por ex-conselheiros e aliados políticos do ex e futuro presidente dos EUA. O documento detalha diversas políticas abusivas, principalmente racistas, que o novo governo pode adotar. A organização afirma que embora Trump tenha negado conexões com o Projeto 2025, muitas de suas declarações ecoam suas premissas.
Entre as ameaças que Trump representa, a HRW destaca retórica hostil sobre imigrantes ao defender políticas extremas que incluem a detenção em massa de migrantes e a deportação em massa de milhões de pessoas, o que resultaria na separação de famílias com raízes profundas nos EUA.
"Esse programa inevitavelmente implicaria em perfilamento racial, aumentaria os abusos das autoridades durante as detenções em massa e fomentaria ações xenofóbicas por parte da população", alerta a organização.
A ONG também menciono o direito ao aborto, que estará sob crescente ameaça durante o segundo mandato de Trump. "Sua insistência de que os estados deveriam ter o poder de bloquear o acesso a cuidados básicos de saúde permite políticas que violam direitos, colocam a saúde em risco, levam a mortes evitáveis e criminalizam decisões privadas de saúde."
Política externa
Em relação à política externa, a organização ressaltou que durante seu primeiro mandato, Trump demonstrou pouco respeito por tratados internacionais, instituições multilaterais ou esforços para proteger os direitos humanos de pessoas que vivem sob governos repressivos. Além disso, Trump também p sinalizou sua oposição ao financiamento de ajuda humanitária e a esforços de proteção de civis em graves conflitos e crises.
"A provável relação do novo governo de Trump com governos que violam direitos humanos pode encorajar esses governos a intensificarem abusos contra suas populações e perpetuar ciclos de abuso e impunidade em todo o mundo", alerta novamente a HRW.
“As instituições e autoridades que respeitam os direitos humanos precisam manter-se firmes durante o governo Trump”, disse Hassan. “Lideranças globais, servidores federais e estaduais, ativistas e cidadãos comuns têm um papel a desempenhar para proteger os direitos humanos e impedir que Trump concretize os abusos que tem prometido", finaliza a organização.
A primeira mulher trans a se eleger à Câmara dos EUA
A candidata democrata Sarah McBride se tornou a primeira pessoa trans eleita para a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos nesta terça-feira (5). Ela irá representar o estado de Delaware e disputou o cargo com o republicano John Whalen 3º.
A candidata já havia sido a primeira pessoa trans a ser eleita senadora em 2020, além de também ter sido a primeira mulher trans a discursar na Convenção do Partido Democrata em 2016.
Sarah é próxima ao atual presidente Joe Biden e é a responsável por ampliar a conscientização sobre a população LGBTQIAPN+ dentro da presidência. A democrata declarou, em entrevista à CBS News que suas principais pautas serão o custo das creches para as crianças, habitação, saúde pública e o direito ao aborto.
No X (antigo Twitter), a candidata comemorou a eleição e agradeceu seus eleitores. “Obrigado, Delaware! Graças aos seus votos e aos seus valores, tenho orgulho de ser sua próxima representante no Congresso. Delaware deixou uma mensagem clara e alta: precisamos ser um país que protege a liberdade reprodutiva, que garante licença remunerada e cuidados infantis acessíveis para todas as famílias, que assegura moradia e saúde para todos e que mantém uma democracia inclusiva para todos nós”, disse.
Os direitos da população LGBTQIAPN+ foram um dos principais temas de campanha nas eleições estadunidenses deste ano, assim como em 2020. Durante sua campanha, Donald Trump, reeleito presidente, proferiu diversos ataques a pessoas transexuais.
Siga o perfil da Revista Fórum e da jornalista Júlia Motta no Bluesky