As eleições dos EUA ocorrem nesta terça-feira (5) e Kamala Harris precisa do eleitor árabe para vencer Donald Trump.
A democrata deixou claro em um de seus últimos discursos: “Este ano tem sido difícil, dada a escala de morte e destruição em Gaza e dadas as vítimas civis e deslocamentos no Líbano, é devastador. E como presidente, farei tudo ao meu alcance para acabar com a guerra em Gaza”, disse.
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A minoria étnica demonizada nos anos posteriores à Guerra ao Terror se tornou peça-chave em 2024.
Desde o início da Guerra ao Terror, os árabes americanos votavam em peso no partido Democrata, enxergando que a retórica anti-árabe era um fator propulsor dos Republicanos - em especial dos ex-presidentes George W. Bush e de Donald Trump.
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Contudo, a continuidade das intervenções dos EUA no Oriente Médio durante os governos Obama minaram parcialmente a confiança dos árabe-americanos nos democratas. A situação foi permanentemente afetada depois do início do genocídio em Gaza no último outubro.
O apoio incondicional dos EUA a Israel após milhares de civis mortos em Gaza, na Cisjordânia e no Líbano desmobilizou significativamente os árabes-americanos.
A gestão Biden forneceu US$ 18 bilhões para Israel desde 7 de outubro do ano passado, um recorde nos últimos anos, e se comprometeu a enviar mais armamentos para os soldados de Netanyahu nos próximos meses.
Isso se tornou especialmente dramático em Michigan, estado-chave para a eleição, onde residem aproximadamente 240 mil eleitores registrados de origem árabe ou de religião muçulmana.
Nas primárias democratas do estado, em fevereiro, 100 mil eleitores democratas votaram "uncommitted" - ou seja, "nenhum dos candidatos" -, em um claro alerta contra a postura do governo sobre o Oriente Médio.
Este grupo de eleitores foi crucial na vitória estreita de Biden no estado em 2020 - onde 150 mil votos a mais para Biden fizeram a diferença para a vitória no Colégio Eleitoral.
Contrariados pelo apoio de Kamala a Netanyahu, os árabes e muçulmanos podem simplesmente não votar e abrir caminho para uma vitória de Trump no estado.
O problema é que Kamala tem apontado sinais duplos: por uma lado, jurou lealdade a Israel em todos os seus conflitos no Oriente Médio. Do outro, afirma que luta por um cessar fogo em Gaza e no Líbano.
Implora pelo voto dos árabes, mas tenta se manter bem com o lobby sionista que financia intensamente sua campanha. E pode perder Michigan por sua indecisão.