MALI

Este já foi o país mais rico do mundo e hoje está entre os 20 mais pobres do planeta

No passado, este foi um dos impérios mais poderosos do globo, mas hoje sofre com a miséria

Imagem de um rei sarraceno da África Ocidental, que se acredita ser Mansa Musa, Imperador do Mali. Do Atlas Catalão de 1375, composto pelo cartógrafo Abraham Cresques de Maiorca.
Imagem de um rei sarraceno da África Ocidental, que se acredita ser Mansa Musa, Imperador do Mali. Do Atlas Catalão de 1375, composto pelo cartógrafo Abraham Cresques de Maiorca.Créditos: Domínio Público
Escrito en GLOBAL el

O território que hoje corresponde ao Mali, no continente africano, foi lar de uma das civilizações mais prósperas do período medieval: o Império do Mali, que floresceu entre os séculos XIII e XVI.

No auge do império, sob líderes como Mansa Musa (1312–1337), a região acumulou riquezas extraordinárias, em grande parte devido à exploração de ouro. Durante esse período, estima-se que o território produzia cerca de metade do ouro mundial, consolidando-se como uma potência econômica global.

Além disso, o controle estratégico das rotas comerciais transsaarianas permitiu ao império negociar bens valiosos como sal, tecidos e ouro. A famosa peregrinação de Mansa Musa a Meca, em 1324, exemplifica o impacto econômico do império. Durante a viagem, ele distribuiu tanto ouro que causou inflação em algumas regiões, incluindo o Egito.

Grande Mesquita de Djenne, no Mali (Foto: Carsten ten Brink. CCBYSA)

O Império do Mali também se destacou cultural e intelectualmente. Cidades como Timbuktu tornaram-se centros de aprendizado, abrigando instituições renomadas, como a Universidade de Sankoré, e bibliotecas que atraíam estudiosos de todo o mundo.

Depois do colonialismo

Apesar de seu esplendor, o Império do Mali foi destruído por forças internas do Saara e do Sahel devido ao seu enfraquecimento político e econômico, em meio ao que mudava no continente após o inicio das rotas da escravidão atlântica e do colonialismo em África. Posteriormente, a região passou por domínios de outros impérios e, mais tarde, pela colonização europeia em sua forma mais intensa.

No século XIX, o colonialismo francês transformou a realidade da região, então chamada de Sudão Francês. A riqueza mineral e agrícola do Mali passou a beneficiar as metrópoles coloniais, enquanto a população local enfrentava exploração e pobreza.

Após décadas de extração de recursos naturais em benefício da França, o Mali, assim como países vizinhos como Burkina Faso e Níger, foi deixado em condições de extrema pobreza, apesar de suas riquezas naturais.Hoje, o Mali é classificado entre os países mais pobres do mundo. De acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 2023, está entre os últimos 20 colocados no ranking global. Dados do Banco Mundial indicam que cerca de 42% da população vive abaixo da linha da pobreza.

Sua economia atual é predominantemente baseada na agricultura de subsistência e na mineração de ouro, ainda uma importante fonte de receita, ainda dependente da França.

Desde 2012, o país enfrenta um grave conflito armado iniciado no norte por grupos sunitas islâmicos extremistas. A instabilidade decorrente tem causado impacto significativo na economia, na segurança alimentar e no deslocamento interno de pessoas.

De acordo com estimativas da ONU, mais de 400 mil malianos são atualmente deslocados internos devido à violência.

Porém, recentemente, com insurgências políticas anti-França, o Mali promete reforçar sua autonomia e soberania mineral, tentando cortar os laços econômicos e políticos com Paris e reestabelecer um caminho de desenvolvimento soberano.

Reporte Error
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar