BURKINA FASO

"Pátria ou morte": presidente de Burkina Faso emociona com discurso anti-imperialista

Ibrahim Traoré, que lidera novo governo, relembrou Fidel Castro em fala em Cúpula Rússia-África

Ibrahim Traoré fez discurso surpreendente em cúpula entre países africanos e PutinCréditos: Présidénce du Faso
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No último sábado (29), o presidente interino de Burkina Faso e capitão do exército Ibrahim Traoré fez um forte discurso durante a cúpula Rússia-África. 

O jovem presidente, que lembra a figura de Thomas Sankara, outro militar revolucionário de esquerda burkinabé, relembrou Fidel Castro durante sua fala no encontro dos países africanos com Vladimir Putin.

Em sua fala, o líder militar que comanda o país desde o ano passado e leva ao desalinhamento de Burkina Faso com o Ocidente, reforçou os laços históricos do país com a Rússia.

"Partilhamos a mesma história no sentido de que somos os povos esquecidos do mundo. Seja em livros de história, documentários ou filmes, tende a varrer o papel dominante que a Rússia e a África tiveram na luta contra o nazismo. Estamos juntos porque neste momento estamos aqui para falar sobre o futuro dos nossos povos, o que vai acontecer amanhã, este mundo livre a que aspiramos, este mundo sem interferência nos nossos assuntos internos", disse Traoré.

Em seu discurso, Traoré defendeu uma relação mais íntima entre o novo de países do Sahel, formado por Burkina Faso, Mali, Niger e Guiné, com a Rússia e com a China, em busca de desenvolvimento distante dos seus colonizadores, nominalmente, a França.

"Como a África com tanta riqueza no seu solo, com natureza generosa, água, sol abundante, África é hoje o continente mais pobre? África é um continente faminto? E como é que os nossos chefes de estado viajam ao redor do mundo para implorar? Aqui estão algumas perguntas que fazemos a nós mesmos que ainda não respondemos. Temos a oportunidade de construir novos relacionamentos e espero que estas relações possam ser as melhores para dar um futuro melhor aos nossos povos", continuou.

Ele chamou de marionetes os chefes de estado africanos que estão alinhados aos desejos estadunidenses. "Quando nós, o povo, decidimos se defender, somos chamados de milícias. Mas esse não é o problema. O problema é ver líderes africanos inertes, mas reforçando os imperialistas nos chamavam de milícias, nos chamando de homens que não respeitam os direitos humanos. De que direitos humanos estamos a falar? Estamos vendados e isto é vergonhoso. Nós chefes de estado africanos precisamos parar de nos comportar como fantoches que dançam sempre que os imperialistas puxam as cordas", disse.

Para concluir seu discurso, o novo chefe de estado Burkinabé relembrou Fidel Castro. "Gostaria de terminar dizendo que temos de prestar homenagem aos nossos povos que estão a lutar. Glória aos nossos povos. Dignidade para os nossos povos. Vitória para os nossos povos. Pátria ou morte, venceremos! Obrigado, camaradas", disser.

Confira o vídeo (em espanhol):