GUERRA RÚSSIA-UCRÂNIA

F-15K: o novo presente dos EUA para provocar uma potência nuclear inimiga

Pacote para a aquisição de novos sistemas militares estimado em US$ 6,2 milhões foi anunciado pelo Departamento de Estado dos EUA em clara provocação a um aliado da Rússia

Dois caças em voo paralelo.Créditos: Pixabay
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No começo de outubro de 2024, com a escalada do conflito entre Rússia e Ucrânia, tropas do Exército Popular norte-coreano (Korean People's Army, KPA) passaram a integrar a frente das forças russas no território em contestação.

O envolvimento da Coréia do Norte na guerra, que opõe a hegemonia ocidental às suas contradições, pode ter sido uma das principais razões para a remoção, por parte dos EUA, de impedimentos para o uso de tecnologia militar destrutiva fornecida pelo país à Ucrânia — os mísseis ATACMS.

A permissão poderia, aliás, "desencorajar a Coreia do Norte de enviar mais tropas" ao país, de acordo com Jon Richardson, do Centro de Estudos Europeus da Universidade Nacional da Austrália.

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Agora, um comunicado oficial da Agência de Cooperação de Segurança e Defesa (DSCA) norte-americana, responsável por fornecer assistência técnica, material e treinamentos de defesa para aliados dos EUA (além de contratos bilaterais entre as Forças Armadas), informou, na última terça-feira (19), que o Departamento de Estado aprovou uma "possível" venda militar estrangeira (Foreign Military Sale) à Coréia do Sul (República da Coreia, ROK).

A Foreign Military Sale (FMS) é um programa do governo norte-americano pelo qual os EUA atuam como intermediários entre os países e fornecedores norte-americanos de equipamentos militares, garantindo a regulamentação da transferência de serviços, de treinamento militar e armamentos de defesa às nações aliadas.  

De acordo com o comunicado recente, o Departamento de Estado dos EUA deve facilitar a aquisição, por parte da Coreia do Sul, de aeronaves F-15K e "elementos relacionados", com um aporte de até US$ 6,2 bilhões. A medida já foi notificada ao Congresso norte-americano. 

A iniciativa deverá "apoiar os objetivos de política externa e segurança nacional dos Estados Unidos", diz o comunicado, "melhorando a segurança de um importante aliado que contribui para a estabilidade política e o progresso econômico na região do Indo-Pacífico". 

O auxílio pode ser interpretado como uma clara mensagem a Pyongyang, que enfrentou a hegemonia norte-americana ao decidir apoiar a Rússia em solo de guerra com suas próprias forças armadas. A relação entre as Coreias têm envolvido cenários de grande tensão desde o fim da Guerra Fria; hoje, a Coreia do Sul e a Coreia do Norte, que afirmam ter soberania sobre toda a península da Coreia (além das ilhas que compõem o território), têm a fronteira mais fortificada do mundo.

Oficiais de inteligência da Coreia do Sul teriam dito, sobre o envio de tropas norte-coreanas para a Ucrânia, que o auxílio se deu em troca do envio, pela Rússia, de mísseis de defesa aérea e outras tecnologias militares à Coreia do Norte, conforme noticiou o The Guardian.

Foram mais de 10 mil homens enviados à linha de frente russa na Ucrânia, afirmava a mídia norte-americana em artigo reproduzido pelo Wall Street Journal. Mas o número real de combatentes enviados é incerto.

"A proposta de venda destes equipamentos e suportes não alterará o equilíbrio militar básico na região", diz o comunicado do DSCA acerca de sua recente cooperação com a Coreia do Sul, que envolve companhias como a Boeing. A companhia deve fornecer mais aeronaves F-15K ao país, modelo desenvolvido especificamente para a Coreia do Sul. 

F-15K, o caça sul-coreano

Essa aeronave é um caça polivalente especializado em proteção do espaço aéreo e capaz de realizar ataques de precisão, missões de reconhecimento e controle do espaço aéreo em zonas de combate. Pode transportar até 11 toneladas de armamentos, incluindo mísseis, bombas guiadas por laser e mísseis de cruzeiro. Ele ainda é capaz de voar em velocidade Mach 2.5 (aproximadamente 2.655km/h, acima da velocidade do som).

Além dos novos caças, a medida prevê a aquisição de outros equipamentos, como:

  • Computadores de missão avançados (ADCP II): Gerenciam as operações dos aviões, tornando-os mais rápidos e eficientes.
  • Radares AESA (AN/APG-82(v)1): Detectam alvos a longas distâncias com maior precisão, mesmo em condições adversas.
  • Sistemas de guerra eletrônica (EPAWSS): Protegem os aviões contra ataques eletrônicos, aumentando a sobrevivência em combate.
  • Sistemas de alerta de mísseis (CMWS): Avisam sobre mísseis inimigos e ajudam a se defender.
  • O pacote também inclui peças sobressalentes, treinamentos, softwares e suporte técnico.
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