O crescente temor de um conflito nuclear levou países europeus a distribuir cartilhas de sobrevivência e embaixadas de todo o mundo a retirar-se da Ucrânia, território em disputa que opõe tecnologia militar ocidental ao robusto aparato bélico russo.
Tendo herdado da União Soviética um extenso arsenal de ogivas nucleares, a Rússia se posiciona como um dos países mais nuclearmente armados do mundo: são cerca de 5.580 ogivas distribuídas por seu território, segundo a Federação de Cientistas Americanos; e, embora pelo menos 1.200 delas estejam “aposentadas”, permanecem intactas.
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A atualização da doutrina nuclear russa, após a provocação norte-americana que possibilitou um ataque ucraniano com míssil fornecido pelo Departamento de Defesa daquele país (ATACMS), contribuiu com a intensificação desse temor e com a crescente ameaça de incorporação de tecnologia nuclear ao conflito.
Na noite de quarta-feira (20), a Rússia coordenou um ataque concreto contra a Ucrânia, que utilizou um míssil balístico intercontinental (ICBM).
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Isso leva o ocidente a considerar: que arma russa poderia ser empregada para causar uma destruição ainda mais potente, caso o conflito não esteja em vias de recuar?
Em setembro de 2024, imagens de satélite capturaram a falha, descrita como "catastrófica", na tentativa de lançamento do Sarmat II, um míssil balístico intercontinental de 35 metros de comprimento, um alcance de mais de 18 mil quilômetros e um peso de lançamento de mais de 208 toneladas.
Desde 2023, quando foi apresentado ao público, o Sarmat II (RS-28) se constituiu "a base das forças nucleares terrestres da Rússia", em substituição à tecnologia soviética de mísseis balísticos R-36M, os "SS-18 Satan".
O modelo RS-28 Sarmat é, portanto, o "Satan 2", apelido que ganhou da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte): uma poderosa arma de destruição cujas ogivas pesariam mais de 100 toneladas, capazes de transportar até 10 cargas atômicas e de lançar ogivas guiadas individualmente a diferentes alvos, cada uma com potencial de destruição de grandes áreas.
Apontado como um dos ICBMs mais destrutivos já projetados, o míssil é capaz de viajar e realizar ataques a velocidades supersônicas (que excedem a velocidade do som, Mach 1).
De acordo com Putin, conforme noticiou a BBC, o sistema atualizado desse armamento "não tem limites de alcance" e consegue passar indetectável. Pode ser um discurso exagerado do presidente russo, mas o Ocidente não quer pagar para ver.
A capacidade militar e o extenso arsenal russo são um dos motivos pelos quais a OTAN, temendo uma escalada irreversível do conflito, não se atreve a enviar tropas à Ucrânia. É um argumento de dissuasão irrevogável.
Putin pode estar pronto, agora, para discutir um novo acordo de paz com os EUA, sob a nova administração de Donald Trump, desde que certos termos sejam respeitados e que o Ocidente não volte a armar a Ucrânia.