Informações ‘confidenciais’ trocadas entre o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e oficiais de defesa dos Estados Unidos foram acessadas pelo The New York Times nesta quarta (30) e confirmadas, embora em tom de protesto, pelo presidente ucraniano.
As informações faziam parte de uma nova estratégia de Zelensky para o conflito em curso contra a Rússia, que já toma 24% do território do país.
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O presidente da Ucrânia teria solicitado a seus aliados da Casa Branca novas armas que, se concedidas, poderiam causar uma reação catastrófica da Rússia.
Putin já havia feito ameaças de guerra caso os aliados ocidentais da Ucrânia fornecessem mísseis de alta precisão ao exército de Zelensky, o que seria entendido como um ataque direto à Rússia. Declarações a respeito de testes nucleares, que continuam a ser feitos de maneira "dissuasiva", também têm sido registradas ao longo dos últimos meses.
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E foi exatamente o que Zelensky solicitou: ele queria que a Casa Branca, sua maior aliada, enviasse mísseis de cruzeiro de alta precisão, os BGM-109 Tomahawk, desenvolvidos pelos EUA para ataques terrestres e amplamente utilizados pela Marinha norte-americana desde os anos 1980.
O Tomahawk é considerado um míssil de alta tecnologia, altamente destrutivo, mas suas características principais são a precisão e o alcance estratégico de seus ataques, capazes de destruir alvos específicos e de guiar-se para estruturas de comando, como centros militares, causando impacto mínimo em áreas civis.
De acordo com o Departamento de Defesa norte-americano, os Tomahawk são "atualmente estruturados para voar a altitudes extremamente baixas, a velocidades subsônicas", e são pilotados por rotas evasivas com "vários sistemas de orientação estratégicos".
A solicitação, entretanto, saiu do campo de conversas entre aliados e atingiu a grande mídia — o jornal The New York Times teve acesso à informação acerca do pedido de Zelensky, que, após confrontado, admitiu o fato e chegou a implicar uma falta de lealdade da Casa Branca na divulgação de informações confidenciais.
De acordo com o veículo, um oficial de defesa dos EUA comentou, sob anonimato, que o pedido do presidente ucraniano ao Departamento de Defesa norte-americano era "totalmente impraticável".
"Essa era uma informação confidencial entre a Ucrânia e a Casa Branca. Então, como deveríamos entender essas mensagens?", disse Zelensky durante uma entrevista publicada ontem (30). "Não existe mais nada confidencial entre aliados?"
Na notícia responsável por divulgar os planos do presidente, oficiais dos EUA teriam reportado que a Ucrânia "não foi convincente" a respeito de como usaria os mísseis de cruzeiro no campo de batalha.
Oficiais ucranianos, por sua vez, admitiram surpresa diante desses fatos e, principalmente, do tratamento dado à mídia ao plano, que foi "zombado" e retratado sob uma "luz negativa". Ouvido pelo jornal POLITICO, uma autoridade ucraniana disse saber que o plano é realista.
"Os próprios militares dos Estados Unidos estudaram o plano e disseram que ele é realista", comentou ele de forma anônima.
Para oficiais norte-americanos, o número de mísseis solicitado por Zelensky excedia o quanto poderia ser disponibilizado para Kiev sem “comprometer potenciais necessidades [dos EUA] para o Oriente Médio e a Ásia”.
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Saiba mais sobre a família de mísseis Tomahawk que Zelensky esperava receber dos EUA
- Os Tomahawk são mísseis de longo alcance — podem atingir até aproximadamente 1.600 km, dependendo da versão, permitindo que navios e submarinos realizem ataques a grandes distâncias, sem necessidade de aproximação do alvo.
- São guiados por sistemas avançados de navegação, incluindo GPS, inercial e, em versões mais modernas, sensores para atualização de alvo em tempo real. Isso garante uma precisão elevada, minimizando o risco de danos colaterais.
- Projetados para evitar detecção por radares inimigos, os Tomahawk podem voar a altitudes relativamente baixas, ajustando o percurso e contornando obstáculos geográficos.
- Embora não sejam supersônicos — o que significa que voam a velocidades abaixo da do som —, sua precisão e alcance compensam essa característica.
- Eles podem ser equipados com diferentes tipos de ogivas, incluindo convencionais de alta explosão e versões que permitem penetração em estruturas fortificadas, ampliando a flexibilidade tática.
- Versões mais novas, como o Tomahawk Block V, têm capacidade de reorientação durante o voo, aumentando a adaptabilidade para alvos móveis e a comunicação com sistemas de navegação avançados.