De acordo com a Reuters, uma investigação exclusiva — embora não possa ser imediatamente confirmada — revelou que cinco fontes russas "próximas do Kremlin" teriam afirmado que Putin deve dialogar com o novo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, para negociar um acordo de paz para a guerra com a Ucrânia.
O veículo afirma que o chefe de Estado russo está "aberto" a negociar um cessar-fogo mediado com a potência do norte caso alguns termos sejam seguidos; dentre eles, o abandono, por parte da Ucrânia, da ambição de se unir à OTAN, e a continuação do domínio russo de parte do território hoje em disputa pelos países.
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As cinco fontes oficiais ouvidas pela Reuters teriam detalhado as três regiões cuja divisão deve ser negociada pelo Kremlin: Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson, que estão no centro do conflito. Localizadas no leste da Ucrânia, Donetsk e Luhansk foram tomadas por grupos separatistas apoiados por Moscou em 2014; Zaporizhzhia e Kherson, ao sul, são importantes por sua localização no Mar de Azov e sua proximidade à Criméia. Está localizada em Zaporizhzhia, além disso, uma das maiores usinas nucleares da Europa.
Essas regiões são hoje reivindicadas pela Rússia como partes integrais de seu território, e formam a linha de frente do conflito. No entanto, de acordo com as fontes, o Kremlin estaria aberto a se retirar de "pequenos pedaços de território" nas regiões de Kharkiv e Mykolaiv, ao norte e ao sul da Ucrânia.
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Apesar de já ter afirmado algumas vezes que o diálogo com o novo presidente norte-americano é possível, Putin tem contestado as decisões da administração atual dos Estados Unidos, que continua a enviar tecnologias de guerra e a fornecer munições para os ataques ucranianos.
Nesta quarta-feira (20), o Kremlin acusou os EUA de "fazerem todo o possível para prolongar a guerra". A permissão dada para o uso de mísseis ocidentais e o fornecimento de minas terrestres a Kiev foram novos passos de Washington para a escalada dos conflitos, na última semana, e significaram uma mudança na estratégia russa, que atualizou sua doutrina nuclear.
Apesar de ter feito modificações no documento assinado em 2020, "Princípios Básicos da Política de Estado sobre Dissuasão Nuclear", a Rússia afirma que continua a fazer "todos os esforços necessários" para reduzir a ameaça de um ataque nuclear, e sua nova política visa "salvaguardar a soberania e a integridade territorial do Estado". As modificações não deixam essa doutrina distante ou de algum modo pior do que a atualmente em vigor nos Estados Unidos e em outras potências nucleares, ou mesmo diante dos princípios defendidos pela OTAN.
A doutrina russa prevê que qualquer agressão ao país feita por uma potência não nuclear com a participação ou o apoio de uma potência nuclear seja vista como um ataque conjunto à Rússia — uma política que a OTAN também compartilha.
Se armas nucleares ou armas de destruição em massa atingirem a Rússia ou seus aliados, ou se a agressão constituir uma ameaça crítica à soberania e à integridade territorial da Rússia ou de Belarus, um contra-ataque nuclear também é esperado.
Na terça (19), o primeiro ataque ucraniano utilizando os mísseis ATACMS fornecidos pelos EUA deu início à provocação mais concreta que desencadeou a nova doutrina russa.
Há, agora, uma impossibilidade de derrotar a Rússia no campo de batalha sem recorrer a tecnologia nuclear e ameaçar muito mais do que a soberania russa, como sugriu Sergei Narychkin, o chefe de inteligência externa do país.