Após a liberação de um fundo bilionário de auxílio militar à Ucrânia, em setembro de 2024, a partir do PDA (Presidential Drawdown Authority), que permitia a transferência de armas e outros suprimentos militares do estoque do Departamento de Defesa norte-americano ao exército ucraniano, a administração Biden autorizou, no último domingo (17), a utilização de seus mísseis táticos de longo alcance pelas forças armadas ucranianas.
Essa autorização é uma cartada final de Biden antes de encerrar o seu mandato para a Ucrânia. Com o fornecimento de Army Tactical Missile Systems (ATACMS) norte-americanos à Ucrânia, que deverão ser empregados pelas forças americanas instaladas na região oeste do país, em Kursk, que tem sido lugar de disputa entre os beligerantes desde que, em agosto de 2024, a Ucrânia avançou pelo território russo por meio da região.
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ATACMS
Os mísseis balísticos de longo alcance autorizados pelos EUA foram desenvolvidos na década de 1980 pela Lockheed Martin e são capazes de atingir até 300 km de distância a uma velocidade supersônica (Mach 3). Sua primeira utilização data da Primeira Guerra do Golfo, em 1991, quando foram operados para neutralizar a artilharia iraquiana e suas bases logísticas na região em combate.
Sua precisão em alvos de longo alcance reduz a exposição das forças lançadoras, o que pode dar flexibilidade operacional no campo de batalha; além disso, os mísseis são de fácil transporte e integração, compatíveis com os sistemas HIMARS (M142) e MLRS (M270), plataformas de lançamento amplamente utilizadas pelos EUA e por seus aliados.
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No conflito entre Rússia e Ucrânia, os mísseis terão como objetivo atingir centros logísticos russos. Esses centros de controle são estimados em até 200 alvos, de acordo com um estudo do Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), uma entidade pró-Washington.
Os primeiros ATACMS foram fornecidos pelos EUA à Ucrânia ainda em 2023, mas numa versão de menor alcance (com até 165 quilômetros), conforme noticiou a DW.
Reação de cadeia
O aval de Washington à utilização de armas com alto potencial destrutivo fornecidas por potências estrangeiras pode exercer uma reação de cadeia entre os demais aliados da Ucrânia no Ocidente.
Em 2023, o Reino Unido, que tem sido aliado próximo da Ucrânia — e teria participado da discussão do plano de vitória elaborado por Zelensky —, também havia enviado seus mísseis de cruzeiro Storm Shadow ao país, capazes de alcançar alvos em até 250 quilômetros.
A Ucrânia ainda conta com mísseis de cruzeiro franceses (Scalp), que também podem ser utilizados conforme a demanda, de acordo com um comunicado do governo francês noticiado pelo Le Monde nesta segunda (18). De acordo com Jean-Noël Barrot, Ministro das Relações Exteriores da França, o país está aberto a autorizar a Ucrânia a utilizar seus mísseis de longo alcance após a decisão favorável dos EUA.
"Nós havíamos dito abertamente que essa era uma opção que consideraríamos se fosse para permitir o ataque a alvos onde os russos estão atualmente atacando o território ucraniano", disse Barrot durante uma reunião ministerial na capital da Bélgica.
