Nesta sexta-feira (1), a juíza Maxine Chesney decidiu que o ex-CEO do Twitter Inc., Parag Agrawal, e outros altos executivos podem seguir com seus processos contra o bilionário de extrema direita Elon Musk. Eles sustentam que Musk os demitiu de maneira irregular durante o fechamento do acordo de aquisição da empresa em 2022, tentando enganá-los e impedir que recebessem suas indenizações antes de enviarem suas cartas de demissão, segundo o jornal Bloomerang.
Na reclamação formalizada em março de 2024 pelos ex-executivos, é citada uma passagem da biografia do empresário “Limite de Caracteres: Como Elon Musk Destruiu o Twitter”, escrita por Walter Isaacson. Nela, o bilionário expressa sua urgência em finalizar a aquisição do Twitter, afirmando existir um "diferencial de 200 milhões no pote de biscoitos entre fechar hoje à noite e fazê-lo amanhã de manhã", conforme um trecho da obra.
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Milhares de ex-funcionários da plataforma alegam que não receberam as indenizações devidas após suas demissões em massa, ocorridas logo após a aquisição da empresa por Musk, em um negócio de US$ 44 bilhões. A renomeação do Twitter para X não apagou as acusações contra o magnata, que agora acumula uma série de processos trabalhistas.
Em julho, Elon Musk e a X Corp. venceram um processo que buscava assegurar uma indenização de rescisão de pelo menos US$ 500 milhões para aproximadamente seis mil funcionários demitidos. A ação alegava que a empresa havia descumprido a lei federal Employee Retirement Income Security Act (ERISA), que estabelece regras para proteger benefícios de aposentadoria e rescisão.
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A juíza distrital dos EUA negou o pedido de Elon Musk para que as acusações feitas contra ele por Parag Agrawal, ex-CEO do Twitter, fossem desconsideradas. Agrawal não está sozinho nesta batalha legal. Ele é acompanhado por outros ex-executivos de alto escalão da plataforma, incluindo Vijaya Gadde, ex-chefe jurídica e de política pública; Ned Segal, ex-diretor financeiro; e Sean Edgett, ex-conselheiro-geral.
Ex-executivos do Twitter reivindicam na Justiça o direito a benefícios rescisórios equivalentes a um ano de salário, além de prêmios de ações que não foram adquiridos, avaliados no preço de aquisição. Representantes da X Corp. não se pronunciaram sobre o caso, que está em andamento no Tribunal Distrital dos EUA no Distrito Norte da Califórnia, em São Francisco.
A juíza Susan Chesney preside duas outras ações movidas por ex-executivos do Twitter, entre elas a de Nicholas Caldwell, ex-gerente-geral de tecnologia central, que busca uma compensação de US$ 20 milhões por benefícios rescisórios que alega ter perdido. Na última sexta-feira, a Justiça negou o pedido de Elon Musk para rejeitar uma das reivindicações de Caldwell, que apresenta argumentos semelhantes aos de Parag Agrawal, outro ex-executivo da companhia.
Relembre compra do X
Sete bancos, Morgan Stanley, Bank of America, Barclays, Mitsubishi UFJ Financial Group, BNP Paribas, o Mizuho e Société Générale, emprestaram US$ 13 bilhões para a holding de Musk concluir a compra da plataforma em outubro de 2022.
Adquirido por US$ 44 bilhões, a plataforma valia cerca de US$ 19 bilhões, 55% a menos do que o preço pago por Musk. Com o bilionário no comando, a empresa teve um relacionamento tenso com anunciantes, responsáveis pela maior parte da receita, e Musk chegou a xingar aqueles que abandonaram a plataforma.
Os pagamentos anuais de juros totalizam cerca de US $ 1,5 bilhão, segundo o próprio bilionário. E, de acordo com registros regulatórios vistos pelo site Bloomberg, o X gerou US$ 1,48 bilhão em receitas no primeiro semestre de 2023, uma queda de aproximadamente 40% em relação aos primeiros seis meses de 2022.
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