O presidente eleito dos Estados Unidos Donald Trump anunciou o republicano Brendan Carr para chefiar a Comissão Federal de Comunicações (Federal Communications Commission, FCC), o que representa mais uma vitória para o bilionário Elon Musk na formação do novo governo.
A FCC é uma agência regulatória do governo estadunidense, com autonomia funcional, que regula todas as formas de comunicação interestadual e internacional, incluindo televisão, rádio cabo, satélite e telecomunicações.
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Carr saiu em defesa de Musk em diversas ocasiões, também por conta de decisões tomadas pela agência. Em dezembro de 2023, por exemplo, ele postou no X uma publicação criticando o presidente dos EUA, Joe Biden, para defender o bilionário.
"No ano passado, depois que Elon Musk adquiriu o Twitter, o presidente Biden deu sinal verde para que agências federais o perseguissem. E elas fizeram isso. Hoje, a FCC se junta à crescente lista de agências federais envolvidas no assédio regulatório de Elon Musk. Eu discordo", disse, na rede social. Carr era um dos dois conselheiros republicanos que faziam parte da Comissão, formada por cinco membros.
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No tuíte, ele fazia referência ao fato de a FCC ter reafirmado na ocasião uma decisão de 2022 na qual negava à empresa Starlink, que pertence ao dono do X, US$ 885,5 milhões em subsídios para implantação de banda larga na zona rural. Segundo a agência, a companhia não conseguiu demonstrar que poderia entregar o serviço prometido.
"Na minha opinião, isso não passou de uma guerra jurídica regulatória contra um dos principais alvos da esquerda: o Sr. Musk", escreveu ele em um artigo de opinião do Wall Street Journal, publicado em outubro deste ano.
Em seu anúncio, Trump fez referência à implementação da banda larga nas áreas rurais. "O comissário Carr é um guerreiro da liberdade de expressão e lutou contra a guerra jurídica regulatória que sufocou as liberdades dos americanos e atrasou nossa economia", disse ele ao anunciar o nome de Carr, acrescentando que ele “garantirá que a FCC cumpra com as metas da América rural”.
Crítica ao Brasil e às Big Techs
Quando o Supremo Tribunal Federal determinou a suspensão do X no Brasil em função de descumprimento, por parte da plataforma, de decisões judiciais no país, Carr também se manifestou a favor de Musk.
"As decisões do Brasil de banir X e congelar ativos da Starlink são parte de uma crescente repressão à liberdade de expressão. Mas elas também violam as próprias leis do Brasil. Hoje, escrevi aos meus colegas reguladores no Brasil para abordar essas ações ilegais", disse ele, também na rede social do bilionário, mesmo sem ter notório conhecimento da legislação brasileira.
A suposta defesa da liberdade de expressão ainda motivou Carr a investir contra as chamadas Big Techs. O republicano solicitou às empresas informações sobre suas negociações com a NewsGuard, uma agência de "checagem de fatos" com fins lucrativos que classificou alguns veículos de comunicação conservadores como mais "arriscados" do ponto de vista da confiabilidade.
“Facebook, Google, Apple, Microsoft e outros desempenharam papéis centrais no cartel da censura”, escreveu, em uma postagem no X na sexta-feira (15). “O orwelliano chamado NewsGuard, junto com grupos de 'checagem de fatos' e agências de publicidade ajudaram a impor narrativas unilaterais.”
Carr também foi um colaborador do Projeto 2025, elaborado pelo think tank conservador Heritage Foundation, uma espécie de proposta de plano de governo. Na seção dedicada à FCC, ele listou quatro prioridades, entre elas “controlar as Big Techs”. Ele pretende atualizar a disposição para limitar a imunidade das Big Techs e impedir que as empresas possam excluir ou limitar postagens, desde que não incluam conteúdo ilegal. Em suma, um passe livre para as fake news.