Após uma longa luta de Gisèle Pelicot, finalmente foram exibidos no tribunal os vídeos em que diversos homens a estupram enquanto ela estava drogada pelo ex-marido. As cenas que se sucediam, com ela inerte na cama, sem responder aos toques de homens que avançavam sobre seu corpo em atos sexuais, provocaram um silêncio pesado na sala.
O caso, que chocou a França e o mundo, caminha para a conclusão. Mais de 50 homens são julgados simultaneamente. Gisèle tem um número enorme de vídeos e fotografias que foram apresentados como provas. Todo o material foi feito pelo seu próprio ex-marido.
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Segundo o advogado da vítima, Antoine Camus, disse ao tribunal, exibir os vídeos publicamente era essencial “para olhar o estupro diretamente nos olhos”. Gisèle, de 71 anos, tinha o direito de pedir um julgamento a portas fechadas, mas ela decidiu torna-lo público para proteger outras mulheres. A vergonha, segundo ela, deve mudar de lado — das vítimas para os perpetradores.
Réu confesso
Dominique Pelicot, ex-marido de Gisèle, confessou ter misturado drogas na comida e bebida dela e, a seguir, ter convidado outros homens para sua casa para estupra-la enquanto ela estava inerte na cama.
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Entre os acusados estão motoristas de caminhão, carpinteiros e trabalhadores de ofício, um enfermeiro, um especialista em TI, um jornalista local. Os acusados têm idades entre 26 e 74 anos e vários deles têm filhos e relacionamentos fixos. Eles serão julgados em grupos de seis ou sete por semana ao longo de quatro meses.
Todos os réus, exceto 15 deles, contestaram as acusações. Eles alegaram que foram enganados por Dominique, que os convidou para o quarto, oferecendo uma brincadeira sexual com sua esposa. Dizem que foram levados a acreditar que ela estava dormindo — ou fingindo dormir — como parte da fantasia sexual do casal.
Uma dúzia de vídeos e cerca de 10 fotos foram exibidos nas três telas do tribunal na tarde de sexta-feira e projetados em uma sala ao lado, onde o público acompanha o julgamento.
Os vídeos têm títulos grosseiros que causaram constrangimentos entre os presentes. Em muitos deles, Gisèle aparece nua. Em outros, ela vestia cinta-liga, roupas íntimas e meias brancas. Segundo o marido confessou à polícia, ele a vestia assim depois que ela estava inconsciente. No final da noite, ele diz que a limpava e a colocava de volta em suas roupas de dormir.
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