O Departamento de Estado dos EUA e o Tesouro norte-americano anunciaram, nesta quarta-feira (30), novas sanções sobre uma lista com cerca de 400 entidades, provenientes de mais de uma dezena de países que teriam “auxiliado a Rússia” a desviar das crescentes sanções norte-americanas.
De acordo com fontes do governo norte-americano ouvidas pela Reuters, a ação é uma das mais concretas até agora contra a "evasão do terceiro-mundo" à ampla política de sanções sobre a Rússia, em vista dos esforços de guerra liderados por esse país contra seu vizinho ao leste, a Ucrânia, desde 2022.
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Dentre os países afetados pelas sanções estão a China, com companhias sediadas em Hong Kong, e a Índia, as duas nações mais afetadas pelo pacote até agora. Também entraram na lista empresas dos Emirados Árabes Unidos, da Turquia, da Tailândia, Malásia, da própria Rússia e até da Suíça.
De acordo com os órgãos governamentais norte-americanos, todas as entidades da lista são de algum modo responsáveis por fornecer "itens comuns de alta prioridade" negados ao país pelos EUA, como componentes microeletrônicos de tecnologia e recursos para a produção militar.
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Há pelo menos 274 empresas que serão alvos diretos dessas sanções, e mais 40 companhias e instituições de pesquisas foram adicionadas recentemente à lista.
A Índia e a China foram avisadas de forma particular: "Estamos sendo bastante diretos e objetivos com eles sobre as preocupações que temos a respeito do que vemos como uma espécie de tendência emergente entre esses países", disse um oficial da administração norte-americana em anonimato à Reuters.
De acordo com os EUA, mais de 70% dos itens de alta prioridade fornecidos à Rússia eram originários da China, com valores estimados de US$ 22 bilhões desde o início da guerra.
Empresas de defesa e manufatura sediadas na Rússia, que produzem ou finalizam armamentos militares destinados ao combate na Ucrânia, também foram alvejadas pela política.
Além disso, sanções diplomáticas foram anunciadas contra funcionários de alto escalão do Ministério de Defesa russo, bem como contra um grupo de empresas exportadoras de bens de uso duplo responsáveis por fornecer material militar-industrial para a Rússia.
Apesar da série de sanções que tem recebido desde 2022, a Rússia continua a exportar óleo e gás em grande volume para mercados internacionais, além de outros recursos minerais, às vezes usando intermediários.
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Por isso, os EUA também sancionaram entidades que reconhecidamente apoiaram o plano "Ártico" (Arctic Policy), uma estratégia nacional russa que deve orientar os interesses, objetivos e ações do país na região do Ártico, área de importância geopolítica, econômica e ambiental estratégica.
O plano inclui, dentre outras coisas, investimento pesado em infraestrutura militar, como bases e submarinos nucleares na região, além do controle e da exploração de recursos naturais.
O projeto ainda estimava a produção, no Ártico, de cerca de 19,8 milhões de toneladas de gás natural, mesmo após as sanções norte-americanas de 2023 à sua produção e distribuição.