A Deep é uma empresa de tecnologia britânica especializada em exploração oceânica. "Inúmeras descobertas estão esperando para ser feitas no nosso oceano", diz sua página oficial. "O desafio é acesso. É aí que entramos".
A companhia afirma que sua missão é construir "a próxima geração de habitats submarinos" a partir de tecnologia de ponta, e "tornar humanos aquáticos", como diz seu slogan. Por isso, a Deep adquiriu uma "pedreira inundada" para iniciar seu ambioso projeto de construção de habitações subaquáticas, ao longo da costa sudoeste do Reino Unido, na região do País de Gales.
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As habitações modulares devem ser construídas na Zona Epipelágica do oceano, que fica a uma profundidade de aproximadamente 200 metros e tem penetração de 1% de luz solar — com essa taxa, ainda é possível realizar fotossíntese.
É o ponto mais profundo do oceano que ainda recebe a luz solar, e pelo menos 90% da vida marinha pode ser encontrada ali. Essa região foi escolhida para o projeto da Deep porque é estratégica para a "observação, o monitoramento e a compreensão" dos oceanos, afirmou a empresa em comunicado de imprensa.
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Espera-se que o projeto, denominado "Sentinel", que quer se equiparar a uma "estação espacial" submarina — como a que existe na órbita baixa da Terra para a observação do espaço —, seja concluído até 2027.
O principal desafio é ter estabilidade estrutural para as construções sob a alta pressão do oceano, e, depois, garantir que haja níveis suficientes de oxigênio para permitir que pessoas habitem essas instalações — e elas devem poder permanecer lá por até 28 dias seguidos.
As instalações da Deep devem ser mantidas com recursos renováveis, como biorreatores de larga escala em que o lixo orgânico deve ser transformado em energia, além de painéis de captação de energia solar e turbinas eólicas — mas a empresa ainda está em busca de parcerias para o projeto.
Já há um desses módulos em construção: o Vanguard, um habitat de 12 por 7,5 metros, com espaço suficiente para três pessoas ficarem debaixo d'água por até uma semana, deve estar pronto para iniciar suas atividades já no começo de 2025.
Como deve funcionar o complexo habitacional submarino?
O presidente da companhia, Sean Wolpert, disse à CNN que "está trabalhando incansavelmente" para que a Sentinel implante suas habitações, e para que elas contribuam com o estudo aprofundado do oceano. Atualmente, existe apenas um laboratório de pesquisa subaquática no mundo, administrado pela Universidade Internacional da Flórida e localizado no Santuário Marinho Nacional, no arquipélago de Florida Keys.
A Deep disse que vai usar materiais de impressão 3D produzidos por robôs. São, mais especificamente, seis robôs com capacidade de imprimir e trabalhar com os módulos de aço reforçado com uma superliga feita à base de níquel, material capaz de suportar as condições extremas de pressão do subsolo aquático.
Esse material também foi usado na construção do ônibus espacial e de foguetes da SpaceX, empresa de exploração espacial de Elon Musk.
Para o acesso ao complexo, haverá submarinos à disposição para o transporte dos "moradores", e a empresa também pretende instalar uma "piscina lunar", como aquela utilizada por plataformas de petróleo, que permita o transporte de equipamentos e dos próprios submarinos diretamente para o fundo do habitat.
A internet no fundo do oceano será fornecida pela Starlink, a empresa de conexão por satélite de Musk, capaz de estabelecer conectividade em lugares remotos.
Além disso, a Deep quer servir como "impulsionador de novas carreiras", assim como a Estação Espacial Internacional fez no espaço, tornando-o "sexy de novo", disse o presidente da companhia à CNN.
Atividades de pesquisa, principal foco do projeto, o turismo e o monitoramento da infraestrutura marinha devem ser incentivados — e até mesmo o treinamento espacial, que poderá ser feito no ambiente oceânico devido às baixas pressões e às condições de "encapsulamento".