Jamie Dimon, CEO do JPMorgan Chase, maior banco do mundo, é cotado para assumir a Secretaria do Tesouro dos EUA independente de quem vença as eleições presidenciais do próximo dia 5 de novembro, Kamala Harris ou Donald Trump. Ele considera que os riscos geopolíticos, em meio ao aumento das tensões internacionais, são a maior ameaça à economia da potência global e defende que Washington deixe de ser "inocente" e intervenha para evitar que esses eventos se desenrolem sem controle.
Para Dimon, "a Terceira Guerra Mundial já começou", destacando os conflitos em andamento, da Ucrânia ao Oriente Médio. Ele afirma que Rússia, Coreia do Norte, Irã — os quais ele chamou de "Eixo do Mal" —, além da China, estão colaborando para "desmantelar" sistemas internacionais estabelecidos após a Segunda Guerra Mundial, como a Otan.
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"Eles estão falando em agir agora, não em esperar 20 anos", alertou. O executivo enfatizou que os Estados Unidos não podem ser "inocentes" e precisam intervir para evitar que esses eventos se desenrolem sem controle. "Precisamos nos certificar de que estamos fazendo a coisa certa", disse.
As declarações do executivo do mercado financeiro foram feitas em setembro, durante a Conferência de Qualidade dos Mercados Financeiros de 2024, realizada em Washington D.C, um evento do Instituto Internacional de Finanças (IIF), mas ganharam visibilidade na mídia internacional esta semana depois que a Fortune teve acesso às gravações da fala dele.
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O CEO do maior banco do mundo manifestou preocupação com a postura da Rússia em relação à ameaça nuclear. "Nunca vimos uma situação em que alguém [Putin] esteja usando chantagem nuclear", disse, referindo-se a declarações de que armas nucleares poderiam ser usadas se os militares ocidentais obtivessem vantagem.
Apesar de ser um democrata registrado, Dimon mantém bom relacionamento com os dois principais partidos dos EUA, Democratas e Republicanos. Ele atualmente prepara sua sucessão após duas décadas à frente do JPMorgan Chase.
Economia atrelada à geopolítica
Dimon ressaltou nessa fala em Washington que as crescentes tensões globais são a maior ameaça ao futuro da economia dos EUA e que supera questões como cortes de juros e expectativas de "pouso suave".
“O que mais importa hoje, muito mais do que qualquer outro aspecto desde 1945, é a guerra na Ucrânia, a situação em Israel e as relações dos EUA com a China”, afirmou o veterano de Wall Street. Para Dimon, esses eventos representam um “ataque fundamental ao estado de direito” estabelecido após a Segunda Guerra Mundial.
Na avaliação do virtual secretário do Tesouro dos EUA, a posição geopolítica do que ele chama de "Eixo do Mal", em referência à expressão cunhada pelo presidente George W. Bush em 2002 para caracterizar ameaças à paz mundial. Dimon advertiu que esse grupo trabalha “todos os dias para piorar a situação para o Ocidente e para a América”.
Embora a China não integre formalmente esse eixo, Dimon acredita que Pequim está no “lado errado” das tensões ao manter apoio à Rússia enquanto busca relações comerciais com o Ocidente.
A visão do CEO está alinhada com a do secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, que alertou sobre o fornecimento de tecnologias, como microeletrônica, pela China à Rússia, e sugeriu que consequências econômicas podem ser aplicadas a Pequim se essa postura persistir.
Dimon também lembrou o alto custo humano da guerra russo-ucraniana, com cerca de um milhão de mortos ou feridos desde o início do conflito em 2022, além do deslocamento forçado de mais de 19 mil crianças para a Rússia.
Para ele, o risco de proliferação nuclear e as ameaças de Vladimir Putin são questões mais alarmantes do que a mudança climática, e a expansão de armamento nuclear pode levar a consequências devastadoras.
“É preciso uma liderança forte dos EUA e do Ocidente para enfrentar esse cenário. Essa é a minha principal preocupação, que supera qualquer outra desde o início da minha carreira”, afirmou o CEO, que recentemente recebeu 36 milhões de dólares em compensação.
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