Enquanto a tensão aumenta no Oriente Médio, as duas potências globais, China e Estados Unidos, têm adotado posturas radicalmente diferentes, o que reflete suas diferentes prioridades geopolíticas e estratégias diplomáticas.
A China tem uma postura mais neutra, com foco em apelos ao diálogo e à resolução pacífica dos conflitos. Pequim expressou "profunda preocupação" com a escalada da violência entre Israel e os palestinos, mas evitou um alinhamento explícito com qualquer um dos lados.
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O governo chinês reiterou a importância de um cessar-fogo imediato e a retomada das negociações de paz, reiterando seu apoio à solução de dois Estados — uma postura que Pequim tem mantido ao longo dos anos.
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Em termos de ações, a China tem se distanciado de envolvimentos militares diretos e, em vez disso, tem utilizado sua influência diplomática para tentar mediar conflitos na região.
Em março de 2023, Pequim foi fundamental na mediação da retomada das relações diplomáticas entre o Irã e a Arábia Saudita, evidenciando seu papel crescente como um mediador no Oriente Médio.
Em meio à crise atual, Pequim tem se concentrado em proteger seus cidadãos na região, organizando evacuações do Líbano e monitorando a situação de perto.
EUA incitam guerra no Oriente Médio
Já os Estados Unidos, aliados de longa data de Israel, adotaram uma postura firme de apoio ao Estado judeu durante a recente escalada de tensões. Desde o início dos conflitos em outubro de 2023, Washington reafirmou seu compromisso com a defesa de Israel, prometendo suporte militar e diplomático.
O presidente Joe Biden, em várias declarações públicas, destacou o direito de Israel de se defender dos ataques do Hamas, e as forças estadunidenses foram colocadas em alerta para auxiliar na proteção de ativos estratégicos na região.
Além disso, os EUA têm trabalhado para aumentar as sanções contra o Irã, a quem acusam de fornecer suporte logístico e militar ao Hamas e Hezbollah, grupos militantes que são inimigos de Israel.
A administração Biden tem sido proativa em bloquear quaisquer resoluções no Conselho de Segurança da ONU que sejam vistas como excessivamente críticas a Israel. O Pentágono também enviou porta-aviões à região, sinalizando uma presença militar forte como meio de dissuasão contra uma maior escalada.
Dois modos de atuar no mundo
O contraste entre as abordagens de Pequim e Washington reflete não apenas suas prioridades geopolíticas, mas também suas estratégias de longo prazo no Oriente Médio.
Enquanto os Estados Unidos continuam a ver Israel como um aliado chave na região e estão dispostos a utilizar o poder militar para proteger seus interesses, a China busca projetar-se como uma potência que prioriza a diplomacia e o desenvolvimento econômico.
Pequim está focada em proteger suas rotas comerciais e garantir a estabilidade necessária para expandir sua Iniciativa Cinturão e Rota, a Nova Rota da Seda, que inclui países do Oriente Médio.
Além disso, a resposta de Pequim é fortemente orientada pela não interferência em assuntos internos de outros países, uma política central da diplomacia chinesa. Ao manter um equilíbrio entre diferentes lados do conflito, a China tenta preservar boas relações com Israel e, ao mesmo tempo, continuar seus laços estratégicos com o Irã e outros países do mundo árabe.
A postura dos dois países também reflete sua percepção de segurança e influência global: Washington, com sua longa história de intervenção militar no Oriente Médio, continua a ver a região como crucial para sua estratégia de contenção de inimigos como o Irã, enquanto Pequim opta por uma abordagem mais diplomática e econômica, focada no desenvolvimento de infraestruturas e estabilidade a longo prazo.
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