Os repórteres Mike Elk e Fernando Cavalcanti, que estão trabalhando em colaboração com a Fórum na cobertura das eleições dos EUA em Pittsburgh, na Pensilvânia, ajudaram a desmentir uma fake news de trumpistas que tinha o potencial de colocar em risco refugiados do Butão que tem direito a voto nos Estados Unidos.
Os descendentes do povo lhotshampa, originários do Nepal, passaram a ser perseguidos no Butão por autoridades locais sob a alegação de serem imigrantes ilegais. Mais de cem mil tiveram de deixar o país desde os anos 90 do século passado e receberam o status de refugiados em vários países.
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Em Pittsburgh a comunidade butanesa tem cerca de 7 mil pessoas. Como entraram nos Estados Unidos sob os auspícios da ONU, muitos se tornaram cidadãos estadunidenses a partir de 2013 -- portanto, com direito a voto.
Na semana passada, os repórteres da Fórum estiveram com líderes comunitários que organizavam a participação dos butaneses nas eleições deste ano no condado de Allegheny, o segundo mais populoso da Pensilvânia.
Fake news
Hoje, um perfil do X usou vídeo de butaneses a caminho do local de votação para "denunciar":
Ônibus de “cidadãos” que não falam inglês são guiados para furar a fila formada por estadunidenses que esperavam há horas para votar antecipadamente. Essas pessoas, todas usando adesivos de Harris-Walz, foram orientadas durante o processo de votação por um punhado de "tradutores".
Mike, Fernando e outros jornalistas locais, no entanto, desmentiram que algo de irregular tenha acontecido.
Autoridades do condado e até um líder comunitário republicano confirmaram que o pequeno grupo de eleitores expostos na filmagem é da comunidade butanesa-nepalesa de Pittsburgh.
Alguns dos refugiados de fato ainda requerem tradutores, mas todos tem direito a voto como qualquer outro cidadão dos EUA.
Trump inflama seguidores
O ex-presidente Donald Trump tem espalhado vigorosamente em seus comícios a fake news de que os democratas "importaram" milhões de imigrantes para votar ilegalmente.
Isso coloca até os imigrantes legais em risco, como foi o caso. A postagem denunciando os butaneses teve 5 mil likes e 5 mil compartilhamentos.
Em 2018, Robert Bowers, um homem inspirado pelo nacionalismo branco, matou 11 pessoas e feriu outras seis ao atacar uma sinagoga em Pittsburgh. Semanas antes, nas redes sociais, ele havia denunciado uma entidade judaica que dá assistência humanitária a refugiados.
Segundo Bowers, a HIAS (originalmente Hebrew Immigrant Aid Society) estava por trás das caravanas de imigrantes que partiram de paises da América Central em direção à fronteira dos Estados Unidos.
Nos últimos dias, os repórteres da Fórum em Pittsburgh entrevistaram a imigrante brasileira Carla, que aguarda uma audiência na Justiça para regularizar ou não sua situação nos EUA.
Carla, que é de Rondônia, levou o filho, que sofre de paralisia cerebral e é cadeirante, para a travessia na fronteira com o México. Hoje, a imigrante teme ser repatriada pelo próximo presidente dos EUA.