NOS ESTADOS-CHAVE

Instituto que mais acertou nos EUA traz dados alarmantes para Kamala

Ainda bem que as pesquisas eleitorais frequentemente erram

Porta a porta.Nos EUA, a campanha é tradicionalmente feita por apoiadores dos candidatos no porta a porta.Créditos: Fernando Cavalcanti
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Há pesquisas para todos os gostos nos Estados Unidos. Há a suspeita de que institutos pró-Trump ou pró-Kamala produzem pesquisas para influenciar a média nacional, muito utilizada como parâmetro para prever o resultado.

Faltando cinco dias para o 5 de novembro, é impossível dizer quem vai vencer, tamanho o equilíbrio nos setes estados do Cinturão da Ferrugem (Wisconsin, Michigan e Pensilvânia) e do Cinturão do Sol (Carolina do Norte, Geórgia, Arizona e Nevada) apontados como os decisivos.

Presume-se que uma vitória de Trump na Pensilvânia dará a ele 90% de chance de ser eleito. Mas o republicano precisa de ao menos um, talvez dois outros triunfos nos sete estados para atingir os 270 votos no Colégio Eleitoral.

As pesquisa da AtlasIntel divulgadas na noite do dia 29 dão esperança a Trump. Ele aparece em vantagem em 6 dos 7 estados.

As maiores surpresas foram as vantagens de Trump no Arizona (3,5%), na Geórgia (3,4%) e na Pensilvânia (2,7%). Porém, atenção: todas dentro da margem de erro de mais ou menos 3%.

Pobres de direita

A pesquisa da Pensilvânia expôs todos os problemas enfrentados pela campanha democrata.

A taxa de reprovação do governo Biden é de 56,6% no estado.

Kamala tem uma vantagem pequena entre as mulheres (49,7% a 47,3%) mas perde de muito entre os homens (53% a 43,4%).

Trump vem fazendo a "campanha da testosterona".

Os mais ricos apoiam a democrata por vantagem confortável: 55,2% a 42,4% entre os que ganham mais de 100 mil dólares/ano.

Porém ela perde feio entre os mais pobres: 54,2% a 42,2% entre os que estão abaixo dos 50 mil dólares/ano.

Além disso, Trump tem um taxa de preferência entre negros (24%) e hispânicos (40,6%) muito acima de seus níveis históricos.

Para complicar ainda mais, na série histórica recente as curvas dos dois candidatos na Pensilvânia se mantém estáveis.

Um "Alabama" de eleitores

A elite da Pensilvânia costuma dizer que entre as duas grandes cidades do estado, Pittsburgh e Filadélfia, existe "um Alabama".

O Alabama, estado sulista dos EUA, é símbolo do atraso para a elite estadunidense.

Porém, parece que desta vez não é apenas o "Alabama" rural que está apostando em Trump: o republicano parece ter avançado sobre blocos de eleitores que já estiveram com os democratas e tem vantagem nos subúrbios de classe média.

Em 2020, Joe Biden venceu na Pensilvânia por 80.555 votos.

Kamala Harris dá uma surra em Trump entre os eleitores que tem diploma superior ou mais: 56,1% a 38,3%.

Porém, os pés rapados estão com o republicano: 63,1% a 35,9% de vantagem entre os que não completaram a faculdade ou nem tentaram.

Pittsburgh, que chegou a quase 680 mil habitantes nos anos 50 do século passado, caiu para pouco mais de 300 mil em 2023, por causa do declínio econômico e do êxodo da classe média para os subúrbios.

Isso criou um caldo de cultura favorável a Trump, que explora o ressentimento econômico que acompanhou a decadência do parque industrial.

Acertou no Brasil e nos EUA

A AtlasIntel se vende como a empresa que mais acertou no Brasil em 2022: previu vitória de Lula por 50% a 41% (foi 48% a 43%).

Ela também chegou perto do resultado de 2020 nos EUA: foi a que menos subestimou a votação de Trump, prevendo que o republicano teria 46,2%, quando ele atingiu 46,9%.

Uma das competidoras da AtlasIntel chegou a prever que o republicano teria pouco mais de 43% dos votos.

Historicamente este tem sido um problema enfrentado pelos pesquisadores, já que os eleitores de Trump muitas vezes mentem justamente para embaralhar os resultados.