O lado sombrio da coalizão trumpista foi exposto com clareza durante evento deste domingo no Madison Square Garden, em Nova York.
A mídia estadunidense, claramente pró-Kamala Harris, havia feito comparações entre o evento e uma reunião da Federação Nazista dos EUA, que aconteceu no mesmo lugar em fevereiro de 1939, antes da Segunda Guerra Mundial.
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Aquela reunião foi apresentada com tons nacionalistas. No palco, uma imagem gigante de George Washington, ladeado por suásticas.
Desta vez as imagens eram de Donald Trump, num telão.
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Dentre os principais oradores estavam os dois filhos adultos de Trump, a nora que é uma das dirigentes do Partido Republicano e a ex-primeira dama Melania -- uma réplica kitsch da dinastia dos Kennedy.
A retórica agressiva esteve no discurso de Trump, que voltou a falar em "inimigo interno" como sendo o mais perigoso -- numa referência ao Partido Democrata.
Porém, foram os oradores que precederam o candidato que se esbaldaram em grosserias.
Tiro no pé
Pelo menos um orador deu um tiro no pé dos próprios republicanos: o comediante Tony Hinchcliffe, um zé ninguém no meio artístico.
Numa sequência de piadas grosseiras sobre imigrantes, ele fez referência a uma "ilha de lixo" no meio do oceano: Porto Rico.
Há mais de 600 mil eleitores hispânicos na Pensilvânia, um dos sete estados decisivos. Nas cidades de Reading e Allentown, mais da metade da população é descendente de imigrantes vindos de Porto Rico e da República Dominicana.
Uma das explicações para o sucesso recente de Trump nas pesquisas é que ele conseguiu rachar a coalizão que elegeu Joe Biden em 2020, atraindo mais votos de hispânicos, negros e jovens brancos.
Um homem apresentado como amigo pessoal de Trump, David Rem, foi chamado ao palco e fez um discurso acusando Kamala Harris de ser "o diabo" e "o anticristo".
O empresário Grant Cardone disse que Harris e "os cafetões que a gerenciam vão destruir o país".
"Judeu de merda"
Um radialista de extrema-direita, Sid Rosenberg, de origem judaica, referiu-se ao marido de Kamala Harris como um "judeu de merda" e reservou as palavra mais duras para Hillary Clinton, que foi quem primeiro comparou o evento de domingo à reunião nazista de 1939:
Ela é uma bastarda doente, aquela Hillary Clinton, hein? Que filha da puta doente. A porra do partido inteiro, um bando de degenerados, canalhas, odiadores de judeus e canalhas. Cada um deles.
A campanha de Trump distanciou-se apenas da "piada" do comediante sobre Porto Rico, com medo de perder votos.
Na reta final da campanha, a estratégia republicana é de aumentar a rejeição a Kamala, na crença de que Trump tem uma vantagem significativa.
Por isso, a retórica sem limites ficou por conta de apoiadores.
Trump, por outro lado, tem participado de eventos em que explora seu status de celebridade, contando piadas e causos pessoais.
Hoje, ele se encontrou com lideranças evangélicas da Geórgia e foi recebido como "o escolhido por Deus".