A democrata Kamala Harris chamou Donald Trump de "fascista" em um evento patrocinado pela rede CNN, pintou um quadro sombrio de uma eventual vitória do republicano e escalou até Beyoncé para uma aparição conjunta no Texas, destinada a discutir as duras regras do Estado contra o aborto.
"Freedom", a música da artista que fala no empoderamento das mulheres negras, tornou-se um hino da campanha democrata, mas as anunciadas aparições da cantora em eventos de Kamala nunca se materializaram.
Te podría interesar
A vitória de Trump no Texas é garantida, mas a escolha de Houston para o evento não é por acaso: ao dramatizar a situação das mulheres texanas, Kamala quer consolidar sua vantagem entre as eleitoras, essencial para frear a recente ascensão de Donald Trump nas pesquisas.
O clima de "emergência" entre os democratas ficou expresso na escalação para um evento esta noite na Geórgia, este sim considerado um dos sete estados onde a eleição será decidida: pela primeira vez, Kamala fará campanha ao lado de Barack Obama, mas também terá no palco Bruce Springsteen, Spike Lee, Samuel L. Jackson, Tyler Perry e Mix Master David.
Te podría interesar
O cantor James Taylor vai se juntar ao vice de Kamala, Tim Walz, em um evento na Carolina do Norte.
VIRADA
Pesquisas de hoje das faculdades Marista e Emerson mostram Trump na frente na Pensilvânia (49% a 48%), na Carolina do Norte (50% a 48%), em Wisconsin (49% a 48%), no Arizona (50% a 49%), com empate na Geórgia (49% a 49%).
Todos os levantamentos estão dentro da margem de erro, mas o republicano está em curva ascendente e, apontando para o voto "envergonhado" em Trump, republicanos mais otimistas já falam numa vitória por larga margem, com o partido assumindo o controle das duas casas do Congresso. Um terço do Senado e toda a Câmara dos Representantes serão renovados no 5 de novembro.
O Real Clear Politics, que faz a média das pesquisas que considera confíaveis, apontava uma vantagem de Kamala de 2,5% no dia 29 de agosto nos sete estados chamados de "pêndulo", mas agora sustenta que Trump está 0,9% na frente.
Outro site dedicado a monitorar pesquisas registra que em 5 de junho a taxa de aprovação da vice-presidente estava em 53,8%, mas neste 24 de outubro está em 46,4%.
ORATÓRIA AGRESSIVA
Donald Trump tem feito uma campanha agressiva contra Kamala, que define como uma "esquerdista lunática" da Califórnia, estado liberal que não tem muitos fãs no interior dos Estados Unidos, onde a eleição será decidida.
Há indícios de que a coalizão que levou Joe Biden ao poder em 2020 sofre nas franjas: Trump tem hoje maior apoio entre eleitores negros, hispânicos e homens jovens do que em 2016 ou 2020.
Biden, por sinal, vai pedir votos para Kamala junto a homens brancos sindicalizados da Pensilvânia, estado onde o atual presidente nasceu.
Pesquisas indicam uma desconexão entre as lideranças progressistas do Partido Democrata e os interesses dos trabalhadores de baixa educação e baixa renda.
Trump avança prometendo reconstruir a indústria automobilística tradicional dos Estados Unidos, explorar gás e petróleo inclusive com a destrutiva técnica do fracking, baixar os custos de energia em 50% em seu primeiro ano de governo, taxar importações e forçar empresas estadunidenses a produzir empregos no próprio país -- além de por fim às guerras na Ucrânia e no Oriente Médio.
O discurso ultranacionalista e muitas vezes mentiroso de Trump encontra eco em regiões industriais decadentes dos EUA, especialmente no que os democratas definem como "paredão azul", os três estados que frequentemente garantem a eles vitórias eleitorais.
Hoje Trump lidera -- ainda que por pequena margem -- em Wisconsin, no Michigan e na Pensilvânia.