A explicação para o avanço eleitoral de Donald Trump nas últimas semanas tem relação com vários fatores regionais e, principalmente, com as promessas econômicas do republicano.
Detalhes muitas vezes desprezados nas pesquisas revelam que Trump tem maioria entre os chamados pobres de direita, muitas vezes revoltados contra o "sistema".
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Num levantamento recente divulgado pela rede NBC, Trump tem vantagem de 49% a 39% entre os eleitores que só completaram o segundo grau ou menos e 47% a 39% entre os estadunidenses que ganham menos de 20 mil dólares por ano.
O chamado Muro Azul, que garantiu a eleição dos dois últimos presidentes democratas, está ameaçado: Trump tem vantagem em Michigan, que faz parte do suposto "paredão" de Kamala Harris, juntamente com Wisconsin e a Pensilvânia.
Michigan, um estado que experimentou grande decadência econômica por causa da indústria automobilística, é um dos alvos do discurso de Trump de que vai taxar os automóveis produzidos no México.
A promessa do republicano de reindustrializar os EUA soa como música aos ouvidos dos trabalhadores de colarinho azul.
Economistas que analisaram os planos de Trump dizem que eles são inalcançáveis.
Porém, ele tem feito promessas populares: acabar com a cobrança de impostos sobre as gorjetas, as horas extras e as aposentadorias.
O republicano também diz que vai enterrar os planos de transição energética do governo Biden e que em um ano cortará em 50% o custo da energia nos Estados Unidos, investindo pesadamente na exploração do petróleo e do gás.
Em suas falas, ele critica os painéis solares, os cataventos da energia eólica e os veículos elétricos.
No início do ano, em um jantar privado em sua mansão na Flórida, Trump teria pedido U$ 1 bilhão em contribuições da indústria petrolífera para sua campanha.
HISPÂNICOS, NEGROS E HOMENS JOVENS
Trump mente sem qualquer dificuldade em seus discursos de campanha. Ela já disse, por exemplo, que o governo da Venezuela esvaziou suas penitenciárias e mandou os detentos de ônibus até a fronteira dos EUA.
Numa mensagem veladamente racista, ele também identifica o Congo como origem de imigrantes ilegais.
O republicano usa os imigrantes como bodes expiatórios para jogá-los contra eleitores negros e hispânicos, afirmando que os ilegais tomam empregos de estadunidenses.
Nesta terça-feira, 22, em Miami, Trump se reuniu com lideranças da comunidade hispânica.
É uma tradicional base dos democratas, este ano sob ameaça.
Em 2016, de acordo com a Pew Research, Trump se elegeu com apenas 8% dos votos dos negros.
Em 2024, ele aparece em algumas pesquisas com mais que o dobro da preferência do eleitorado negro.
É também uma surpresa para os democratas a grande vantagem de Trump entre os homens jovens: em uma pesquisa, de 55% a 38%.
Este avanço é atribuído à "masculinidade" injetada de forma proposital na campanha.
Em um evento na Pensilvânia, Trump elogiou o tamanho do pênis do ex-jogador de golfe Arnold Palmer, que definiu como um exemplo de masculinidade.
Os republicanos estão apostando tudo em uma vitória na Carolina do Norte, que sofreu gravemente com o furacão Helene.
Se vencer lá, em Michigan e no Arizona, Trump terá 274 votos no Colégio Eleitoral, contra 264 de Kamala Harris.
O resultado da eleição segue em aberto, mas a vantagem que a vice-presidente obteve logo depois de ser oficialmente indicada para concorrer à Casa Branca evaporou.