ALUGUEL

Juventude de Madri vai às ruas para exigir moradia acessível

Insatisfação com abusos do mercado imobiliário e com a crescente mercantilização dos modos de vida levou milhares de jovens às ruas para protestar contra a "crise dos alugueis" na Espanha

Protesto em Madri.Créditos: Sindicato de Inquilinas e Inquilinos
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Neste domingo (13), veículos estrangeiros noticiaram a mobilização de cerca de 22 mil espanhois nas ruas de Madri, num protesto contra a crescente gentrificação urbana e mercantilização dos modos de vida da população

A expansão dos mercados imobiliários, a gentrificação e o tratamento da habitação como ativo foram os principais motivos da manifestação, cujo chamado de ordem foi "Moradia é um direito, não negócio". 

A mobilização foi convocada por um coletivo de 40 bairros da cidade de Madri e partiu de Atocha, no centro da cidade, em direção a Paseo del Prado, avenida que se estende da Plaza de Cibeles à Estação de Atocha, de acordo com a Euronews. 

A insatisfação é particularmente grande entre os jovens, que encontram dificuldades para iniciar suas vidas diante de um mercado saturado e de formas de vida cada vez mais precarizadas pelas demandas dos rentistas.

De acordo com o Instituto de Investigação Urbana de Barcelona, as novas gerações não conseguem atingir a independência no campo da moradia, e dois terços dos jovens entre 18 e 34 anos ainda vivem com os pais.

Em junho de 2023, o boom de investimentos em imóveis, restaurantes de alta gastronomia e bairros gentrificados em Madri foi reportado por veículos internacionais e deu à cidade a fama de "nova Miami".

Apartamentos de mais de 16 milhões de reais foram anunciados em bairros como Salamanca, a nordeste do centro histórico de Madri, conforme noticiou a Exame, e o aluguel de propriedades nem tão luxuosas assim também continua a aumentar à medida que a cidade ganha novas identidades: a cena gastronômica já transforma a cidade em ponto turístico e encarece o custo de vida por tornar mais valioso o acesso a regiões de interesse.

Se os preços não baixarem, anunciavam os manifestantes de domingo, os protestantes vão incentivar uma greve de aluguéis, e "não vai haver polícia, tribunais ou bandidos" para despejar todos, disse a porta-voz do Sindicato de Inquilinas.

Os protestos pediam, ainda, a demissão da ministra da Habitação do país, Isabel Rodríguez, acusada de ser responsável pela aceleração da crise imobiliária e por negligenciar suas funções ao se opor à Lei da Habitação e demonstrar simpatia à classe de proprietários de imóveis.

A Lei do Direito à Moradia, de 2023, foi parte do Plano de Recuperação, Transformação e Resiliência da Comissão Europeia. A legislação seria responsável por impor limites aos preços dos alugueis na Espanha, além de reduzir o conceito de "grandes proprietários" para pessoas que disponham de até cinco imóveis (antes, o mínimo eram 10). A construção de moradias sociais também estava prevista na legislação.

No entanto, de acordo com a AFP, os alugueis na Espanha continuam a aumentar: foram registrados 10,2% de aumento até o terceiro trimestre deste ano em relação a 2023, e cidades maiores, como Madri, chegaram a atingir 15% de crescimento nos preços.