NOVA MISSÃO ESPACIAL

A polêmica missão espacial que transporta cinzas e DNA para a lua

Em meio a críticas e desafios técnicos, a ULA lança foguete com carga inédita para Sinus Viscositatis

Créditos: Pixabay/WikiImages
Escrito en GLOBAL el

No próximo dia 8 de fevereiro, os olhos do mundo estarão voltados para o Cabo Canaveral, onde a primeira espaçonave americana destinada à Lua, após mais de meio século, está pronta para decolar. Contudo, esta missão tem um diferencial significativo: é liderada pela iniciativa privada e, de forma inusitada, transportará cinzas e restos mortais humanos para a superfície lunar.

O foguete responsável pela missão é o Vulcan Centaur, desenvolvido pela United Launch Alliance (ULA). O lançamento está programado para ocorrer às 02h18, horário local de Cabo Canaveral, com a expectativa de levar o módulo de pouso lunar Peregrine da Astrobotic para sua viagem inaugural. O clima, até o momento, parece ser favorável para a decolagem.

John Thornton, CEO da Astrobotic, com sede em Pittsburgh, expressou o sentimento de honra transcendental ao liderar um projeto que visa levar os Estados Unidos de volta à superfície lunar pela primeira vez desde o programa Apollo.

Até agora, apenas algumas agências espaciais nacionais conseguiram realizar pousos suaves na Lua, sendo os Estados Unidos os únicos a terem levado humanos ao satélite natural da Terra. No entanto, a China e a Índia também conquistaram esse feito nas últimas décadas.

A participação do setor privado nessa empreitada marca uma mudança significativa na abordagem dos Estados Unidos em direção à exploração lunar. O programa Commercial Lunar Payload Services (CLPS) tem como objetivo impulsionar uma economia lunar mais ampla e permitir o envio de naves espaciais a custos mais baixos.

A Nasa investiu mais de 100 milhões de dólares na missão da Astrobotic, enquanto outras empresas, como a Intuitive Machines, com sede em Houston, também estão contribuindo para esse esforço. A Intuitive Machines planeja lançar seu foguete em fevereiro, com o objetivo de pousar perto do polo sul da Lua.

A dificuldade de pousar de forma controlada na Lua é destacada pelo histórico, pois aproximadamente metade de todas as tentativas resultou em fracasso. Com a ausência de atmosfera que permita o uso de paraquedas, as espaçonaves precisam navegar por terrenos desafiadores utilizando apenas propulsores para frear a descida.

O Vulcan Centaur da ULA, sendo lançado pela primeira vez, acrescenta um elemento adicional de desafio à missão. Apesar da empresa ter uma taxa de sucesso de 100% em mais de 150 lançamentos anteriores, a estreia desse novo foguete é aguardada com expectativa.

A bordo do Peregrine estão instrumentos científicos essenciais para estudar a radiação e a composição da superfície lunar, abrindo caminho para o retorno de astronautas. Além disso, a espaçonave carrega um veículo do tamanho de uma caixa de sapatos desenvolvido pela Universidade Carnegie Mellon, um Bitcoin físico e, de maneira controversa, restos cremados e DNA de personalidades como Gene Roddenberry, criador de Star Trek, Arthur C. Clarke, autor e cientista de ficção científica, e até mesmo um cachorro.

A inclusão desses restos mortais humanos na missão gerou polêmica, especialmente com a Nação Navajo, a maior tribo indígena dos Estados Unidos. Eles argumentam que essa missão profana o astro que é sagrado para sua cultura e pediram a remoção dessa carga. Mesmo após uma reunião final com representantes da Casa Branca, da Nasa e de outros funcionários, as objeções da Nação Navajo foram ignoradas.

Com a expectativa de um pouso bem-sucedido em Sinus Viscositatis em 23 de fevereiro, esta missão lunar não apenas representa um marco na exploração espacial, mas também levanta questões éticas e culturais sobre o que é apropriado enviar para o espaço em nome da ciência e da exploração.

Temas