SIONISMO

Parlamentar israelense de esquerda perseguido por sionistas ao condenar massacre em Gaza

Ofer Cassif, da coalizão Hadash, liderada pelo Partido Comunista, anuncia apoio a processo contra Israel no Tribunal Penal Internacional de Haia pela África do Sul

Créditos: Getty Images - Ofer Cassif, de esquerda, está sendo perseguido pela extrema direita por ser contra o massacre em Gaza
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O parlamentar israelense Ofer Cassif, membro da coalizão Hadash, liderada pelo Partido Comunista, anunciou neste domingo (7) apoio ao processo contra Israel no Tribunal Penal Internacional de Haia.

Cassif, que faz parte do Knesset (Parlamento israelense) descreveu sua decisão como um "dever constitucional" para com a sociedade de Israel e teceu duras criticas ao governo atual de extrema direita e suas políticas.

A ação em Haia, iniciada pelo governo da África do Sul, acusa Israel de "atos de genocídio contra o povo palestino em Gaza".

Cassif condenou as ações que levaram a esta denúncia, afirmando que não desistirá da "luta pela existência moral da sociedade" e enfatizando que o verdadeiro patriotismo difere de "guerras de vingança e apelos à destruição".

Ameaça de expulsão

A posição de Cassif provocou controvérsia dentro do cenário político israelense. Sharon Nir, do partido Yisrael Beiteinu, criticou Cassif e sugeriu que ele renunciasse ao Knesset, alegando que ele seria bem-vindo entre os apoiadores do terrorismo. Cassif já enfrentou críticas anteriores por seus posicionamentos contra as ações militares de Israel.

Em outubro, após os ataques israelenses a Gaza, Cassif foi suspenso do Parlamento por 45 dias devido às suas críticas à ofensiva, que ele classificou como parte de um “plano fascista”.

Agora, membros do partido Israel Beitenu estão coletando assinaturas para expulsar Cassif do Knesset após seu apoio à denúncia em Haia.

Cassif é um ativista político de longa data e foi o primeiro israelense preso por se recusar a servir nos Territórios Ocupados durante a Primeira Intifada. Ele também foi assistente parlamentar de Meir Vilner, uma das principais figuras do Partido Comunista.

Suas críticas às políticas de ocupação de Israel e ao primeiro-ministro Netanyahu o tornaram alvo de violência policial e ameaças de morte, em um cenário onde a violência dos colonos israelenses tem se intensificado contra judeus críticos ao governo.

Sistema político israelense

O sistema político de Israel é estruturado em torno dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. No topo, o presidente ocupa um papel principalmente cerimonial como chefe de Estado.

O Legislativo é representado pelo Knesset, um parlamento de câmara única com 120 membros, que trabalha através de 12 comitês permanentes e se reúne em sessões plenárias.

Os parlamentares são eleitos a cada quatro anos por meio de eleições nacionais. O governo, responsável pela gestão interna e pelas relações exteriores, é liderado pelo primeiro-ministro. Este governo é coletivamente responsável perante o Knesset.

Governo mais à direita da história

Israel é uma democracia parlamentar que tem como presidente Isaac “Bougie” Herzog, eleito em junho de 2021, e o cargo de primeiro-ministro é ocupado por Benjamin Netanyahu desde novembro de 2022, quando foi incumbido de formar um novo governo como primeiro-ministro.

Netanyahu é o primeiro-ministro há mais tempo no poder; está no sexto mandato. Para voltar ao poder, buscou o apoio de seis partidos, incluindo legendas de extrema direita e ultraortodoxos, e formou o governo mais conservador e religioso da história de Israel.

Ele se comprometeu a buscar unidade nacional após uma eleição marcada pela ascensão de grupos de extrema direita, gerando preocupações tanto internas quanto internacionais.

Ultradireitistas

Netanyahu fez promessas significativas para unir esses candidatos de extrema direita sob uma única frente. Emergindo das sombras e liderados pelo ultrarradical Itamar Ben-Gvir, esses partidos se consolidaram como a terceira maior força no Parlamento, conduzindo Israel ao governo mais direitista de sua história.

A agenda dos três partidos — Sionista Religioso, Força Judaica e Noam — é considerada tão extremista que até a ala moderada da direita, anteriormente liderada por Netanyahu, relutava em se associar a eles.

Esses partidos defendem políticas como a anexação dos assentamentos judeus na Cisjordânia, considerada ilegal pela comunidade internacional, a deportação de árabes israelenses julgados "desleais", e a influência política sobre o sistema judiciário, o que seria vantajoso para o próprio Netanyahu, que enfrenta processos judiciais.

A figura mais notória entre eles é Ben-Gvir, de 46 anos, líder do Força Judaica. Ele iniciou sua trajetória política no Kach, um movimento fortemente antiárabe que foi classificado como organização terrorista e proibido. Ben-Gvir, que almejava, mas foi impedido de servir no Exército por ser considerado uma ameaça à segurança nacional.

O Noam é abertamente homofóbico e misógino, promovendo a ideia de um "Israel puro" (ortodoxo religioso) em contraste com o "mundo corrupto e moribundo" (a sociedade secular). Já o Sionista Religioso defende a supremacia judaica.

Principais partidos de Israel

  • Likud (centro direita)
  • Sionismo Religios* (fusão de três legendas nanicas de extrema direita: Sionista Religioso, Força Judaica e Noam
  • Otzma Yehudit (extrema direita)
  • Yisrael Beitenu (direita)
  • Kadima (centro)
  • Avoda (centro esquerda)
  • Shas (ultra religioso)
  • Shinui (centro laico)
  • Mafdal (religioso)
  • União Nacional (centro)
  •  Meretz (esquerda)
  • Balad (árabe)
  • Hadash (esquerda)

*Com informações do Ópera Mundi