Uma guerra total entre Israel e o Hezbollah pelo controle do sul do Líbano ficou mais próxima depois de o grupo xiita confirmar que as Forças de Defesa israelenses mataram um dos comandantes do Regimento Radwan, uma unidade especial de fronteira.
Uma das tarefas do regimento é monitorar a região com drones e realizar operações de inteligência.
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A outra, em caso de guerra total, seria de se infiltrar na Galileia, região norte de Israel.
Jawad al-Tawil, o comandante do grupo, foi assassinado em um automóvel no vilarejo de Khirbet Selm, no sul do Líbano.
Nas últimas horas, fontes do governo dos Estados Unidos ouvidas pelo diário Washington Post disseram que o governo Biden suspeita que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, esteja tentando prolongar e ampliar a guerra contra o Hamas com o objetivo de se manter no poder.
Uma pesquisa divulgada pela Kan, a emissora pública de Israel, sustenta que se as eleições para renovar o governo acontecessem hoje o partido de Netanyahu, o Likud, cairia de 32 para 20 assentos no Parlamento. Os partidos religiosos também teriam redução de bancada.
O Partido de Unidade Nacional, de Benny Gantz, teria 33 parlamentares e poderia formar um novo governo com o centrista Yesh Atid.
Gantz faz parte do gabinete de guerra, mas suas opiniões sobre o futuro de Gaza diferem daquelas que vem sendo explicitadas por representantes dos partidos religiosos, como os ministros da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, e das Finanças, Bezalel Smotrich.
Estes dois são porta-vozes de uma parcela significativa do governo que advoga pela limpeza étnica de Gaza, com o retorno de assentamentos israelenses no território palestino.
GUERRA TOTAL
Em visita à cidade de Qiryat-Chemoná, no norte de Israel, Netanyahu disse hoje que está pronto para guerra total contra o Hezbollah.
Cerca de 200 mil israelenses deixaram suas casas nas proximidades das fronteiras de Gaza e do Líbano para fugir da guerra.
Um plano do governo praticamente esvaziou 28 comunidades na fronteira libanesa.
Falando a soldados, Netanyahu fez um alerta.
O Hezbollah nos subestimou de maneira grave em 2006, e está nos subestimando agora
Em 2006, Israel inflingiu pesadas baixas ao Hezbollah no Líbano e praticamente destruiu o bairro xiita de Beirute, que é uma das principais bases do grupo.
Aos reservistas, Netanyahu disse que fará no Líbano o que as IDF estão fazendo em Gaza, sem mencionar os bombardeios indiscriminados que já mataram mais de 22 mil civis, com cerca de 10 mil desaparecidos sob escombros.
O alerta do primeiro-ministro não veio sozinho.
O ministro da Defesa, Yoav Gallant, que integra o triunvirato que comanda a guerra, disse em entrevista ao diário estadunidense Wall Street Journal que o Hezbollah precisa ser contido.
Minha visão básica: estamos lutando contra um eixo, não contra um único inimigo. O Irã está construindo poder militar em torno de Israel para utilizá-lo
Tanto o governo do Irã quanto o Hezbollah tem utilizado retórica de guerra contra os Estados Unidos e Israel, mas sem ações diretas fora do padrão das tradicionais escaramuças de fronteira.
FORÇA DE ELITE
O regimento Radwan conta com cerca de 2.500 homens, segundo analistas militares. São tropas de elite que atuam em comandos.
Do seu arsenal fazem parte mísseis guiados anti-tanque Kornet, de fabricação russa.
Na guerra de 2006, o Hezbollah não perdeu controle de suas bases no sul do Líbano e ainda disparou 4.000 foguetes contra território israelense.
Um relatório confidencial da inteligência dos Estados Unidos, vazado na imprensa, diz que Israel não venceria o Hezbollah militarmente em um novo confronto.
O ex-chefe do Conselho de segurança Nacional de Israel, Giora Eiland, concordou em entrevista:
A nossa única maneira de evitar a próxima guerra, e de vencê-la se acontecer é deixar claro que outra guerra entre nós e o Hezbollah será uma guerra entre Israel e o Estado do Líbano e irá causar destruição no Líbano
O Hezbollah faz parte da coalizão governista do Líbano e está sob pressão para não declarar guerra total.
As lideranças do movimento acreditam que Israel está sofrendo uma derrota estratégica em Gaza, aprofundando seu isolamento internacional sem ter um plano concreto e factível para o futuro do território palestino sob ocupação.
Antes mesmo do assassinato de hoje, um líder parlamentar ligado ao Hezbollah, Mohammad Raad, disse que Israel está tentando esconder seu fracasso estratégico em Gaza com diversionismo militar:
Se Israel busca uma guerra generalizada contra nossa terra [o Líbano], nós nos engajaremos até o fim. Não tememos suas ameaças, bombardeios ou agressões. Estamos preparados para o que Israel nunca imaginou.
Na semana passada, Israel matou em Beiture a liderança do Hamas que fazia os principais contatos com o Hezbollah.