As primárias do partido Democrata e do partido Republicano para escolher quem serão os dois candidatos à presidência dos EUA estão acontecendo desde o início de janeiro de 2024 e entender como funciona o sistema eleitoral americano é importante para conhecer melhor a democracia da maior economia do planeta.
O sistema eleitoral americano para presidente não é conhecido por ser o mais direto de todos e é notório por suas distorções, capazes de favorecer determinados candidatos. Você provavelmente já ouviu falar do sistema de delegados e superdelegados, mas antes, é necessário entender como funcionam as primárias.
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Como funcionam as primárias dos EUA?
Qualquer que se encaixe nas regras constitucionais pode ser candidato à presidência dos EUA, sem necessariamente ter ligação a um dos dois grandes partidos. Contudo, o sistema eleitoral americano é essencialmente bipartidário, com dois grandes partidos: os Republicanos e os Democratas.
Todos os cargos eleitorais executivos (prefeito, governador e presidente) passam por um estágio de primárias, em que os próprios partidos passam por eleições internas para escolher quem será o candidato da eleição. Cada um dos dois partidos possuem sistemas similares, com algumas diferenças.
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Primárias do partido democrata - Delegados e superdelegados
Os delegados são representantes escolhidos pelos eleitores durante as primárias e caucus estaduais. Eles são encarregados de votar no nome do candidato que recebeu o apoio dos eleitores em seu estado durante a Convenção Nacional Democrata.
Cada estado tem um certo número de delegados. Alguns usam o sistema proporcional, em que cada candidato ganha delegados de acordo com sua votação, e outros usam o sistema winner-takes-all, em que o candidato vencedor leva todos os delegados daquele estado.
Em julho, haverá a Convenção Nacional, e os delegados votarão no candidato que defendem. Caso haja um empate ou contestação, os superdelegados - um grupo composto por ex-presidentes, governadores, deputados e outros líderes da elite democrata - fazem o desempate.
O sistema de superdelegados foi alterado em 2018 após duras críticas da esquerda democrata por conta da elite do partido favorecer candidatos ligados ao lobby de Washington nas primárias para 2016.
Primárias do partido republicano - apenas delegados
O sistema de delegados do Partido Republicano dos Estados Unidos é semelhante ao do Partido Democrata, mas sem a presença de superdelegados.
Os delegados republicanos são representantes escolhidos pelos eleitores durante as primárias e caucus estaduais. Cada estado tem um número específico de delegados, que é determinado pela sua população e pela representação no Congresso.
Em alguns estados, porém, não é necessário votar no candidato para qual o delegado foi eleito, o que pode gerar distorções no voto popular.
Os delegados republicanos se reúnem na Convenção Nacional Republicana para oficializar a escolha do candidato presidencial. O candidato precisa garantir a maioria dos delegados (metade mais um) para se tornar o indicado oficial do partido.
Sistema do colégio eleitoral
Definidos os candidatos na Convenção Nacional Republicana, então, os eleitores vão eleger o presidente em seus respectivos distritos.
Cada estado e o Distrito de Columbia têm um certo número de votos eleitorais, que é igual ao número total de seus representantes no Congresso (Câmara dos Representantes e Senado). Atualmente, existem 538 votos eleitorais no total, com 270 necessários para ganhar a presidência.
Os eleitores (delegados) do Colégio Eleitoral são escolhidos com base no resultado da eleição popular em cada divisão administrativa. Na maioria dos estados, o candidato que vence no voto popular recebe todos os votos eleitorais desse estado. Por isso, é importante vencer os "swing states" - estados que ora votam nos democratas, ora nos republicanos.
Os delegados podem não respeitar o voto popular, mas usualmente isso não ocorre.
Em janeiro, o Congresso se reúne para contar os votos eleitorais e certificar os resultados. O candidato que obtiver a maioria dos votos eleitorais é declarado o vencedor e assume a presidência.
O problema desse sistema é que ele favorece estados de menor população, o que faz com que seja comum que o voto popular não seja respeitado no resultado eleitoral
Em 2016, Hillary Clinton ganhou no voto popular, mas perdeu no colégio eleitoral. Isso ocorreu em cinco ocasiões, incluindo na primeira eleição de George H. Bush contra Al Gore (com a polêmica recontagem de votos na Flórida que deu a vitória a Bush) e em outros casos no século 19.