O ex-presidente de extrema direita dos Estados Unidos, Donald Trump, recebeu uma péssima notícia às vésperas de um julgamento em que é acusado pelo estado de Nova York de cometer fraudes financeira e patrimonial, por ter feito ao longo de dez anos uma operação para superfaturar ilegalmente os valores dos seus ativos financeiros e patrimônio com o objetivo de desfrutar de seguros e empréstimos mais interessantes financeiramente.
O juiz Arthur Engoron, da Justiça de Nova York, analisava um recurso da defesa de Trump que tentava convencê-lo a não fazer uma série de acusações ao ex-mandatário. Mas o magistrado não se comoveu com a defesa e decidiu que sim, Trump cometeu fraudes financeiras e patrimoniais. No texto que explica a decisão, o juiz ainda foi duro com o pedido do direitista.
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“No mundo dos réus, apartamentos com preços regulados valem o mesmo que apartamentos sem esse controle, terras restritas valem o mesmo que terras irrestritas e restrições evaporam no ar. Vivem num mundo de fantasia, não é o mundo real”, escreveu.
Os advogados de Trump ainda foram multados em 7,5 mil dólares cada um – quase R$ 40 mil – por terem insistido em argumentos já refutados pelo magistrado.
A decisão é uma má notícia para Trump, uma vez que o julgamento do caso começa para valer na próxima segunda-feira (2). A avaliação é de que a decisão encurte o caminho percorrido pela procuradoria de Nova York no julgamento, que por sua vez pede uma multa de 250 milhões de dólares a Trump – equivalente a R$ 1,2 bilhão.
Apesar de ter tudo contra, Trump ainda tem cartas na manga. Ele processou o juiz Engoron e ainda aguarda decisão de um tribunal de apelação. Caso nada dê certo, ele estará à disposição da Justiça de Nova York ao mesmo tempo que fará sua campanha presidencial nas eleições de 2024 pelo Partido Republicano.
Trump é réu do processo ao lado de seus dois filhos adultos. Em janeiro as Organizações Trump foram condenadas a multa de 1,6 milhão de dólares (cerca de R$ 8 milhões) por fraude financeira e fiscal. Trump, é claro, chorou muito após a decisão. Acusou o caso de ser “ridículo” e de estar liderado por uma “procuradora negra racista” – a procuradora Letitia James que fez a denúncia em 2022 sobre a qual o presente processo teve início.
De acordo com a denúncia de James, Trump e seus filhos teriam trabalhado para inflar seus ativos e patrimônio entre 2011 e 2021, período que abrange o mandato do réu diante da Casa Branca. A supervalorização girou entre 17% e 39%, que equivalem a 812 milhões e 2,2 bilhões de dólares.