O líder norte-coreano Kim Jong-Un embarcou em uma viagem incomum ao estrangeiro, cruzando a Rússia em seu famoso trem blindado, antes de uma esperada cúpula com o presidente russo, Vladimir Putin. A movimentação, que ocorre em meio a alertas dos Estados Unidos sobre um possível acordo de armas entre os dois líderes, tem despertado a atenção da comunidade internacional.
O trem, altamente fortificado e caracteristicamente verde, deixou Pyongyang no último domingo, acompanhado por altos funcionários do partido, membros do governo e das forças armadas, conforme relatou a agência de notícias norte-coreana KCNA. O comboio avançou através da região do Extremo Oriente da Rússia, conhecida como Primorsky Krai, de acordo com informações da agência de notícias russa RIA.
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As imagens divulgadas pela KCNA mostraram Kim Jong-Un caminhando por um tapete vermelho na estação de Pyongyang, antes de embarcar no trem cercado por autoridades. Uma multidão de espectadores podia ser vista ao fundo, agitando bandeiras e demonstrando apoio.
Evento raro
A viagem de Kim Jong-Un à Rússia é um evento raro, marcando sua primeira visita ao exterior desde o início da pandemia de Covid-19, que levou ao fechamento das fronteiras da Coreia do Norte. Desde que assumiu o poder em 2011, Kim realizou apenas dez viagens ao exterior, todas ocorridas em 2018 e 2019, durante as quais se envolveu em conversas sobre os programas de armas nucleares e mísseis de seu país.
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Este encontro entre Kim e Putin é altamente significativo, reunindo dois líderes que se encontram cada vez mais isolados no cenário mundial. Além disso, a visita ocorre em um momento crucial, já que a Rússia busca desesperadamente novos suprimentos de munição após mais de 18 meses de conflito na Ucrânia, que prejudicou suas forças armadas. Enquanto isso, a Coreia do Norte, que enfrentou décadas de sanções internacionais devido ao seu programa de armas nucleares, está ávida por recursos financeiros, alimentos e tecnologia de mísseis.
Especulações
Analistas observam que a reunião entre os dois líderes pode resultar na transferência de tecnologia e armas para a Coreia do Norte, o que poderia afetar significativamente a situação geopolítica. A preocupação se concentra no possível acesso de Pyongyang a armas e tecnologia russas que as sanções das Nações Unidas até agora impediram de adquirir, especialmente para o seu programa de mísseis balísticos com capacidade nuclear.
Os Estados Unidos expressaram preocupações sobre as negociações em curso entre Rússia e Coreia do Norte em relação a armas, e o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, alertou que a Coreia do Norte "pagará um preço" se fechar um acordo de armas com a Rússia, embora não tenha especificado quais seriam as possíveis consequências.
O governo sul-coreano também está monitorando de perto o desenvolvimento dessas negociações, pois poderiam ter um impacto significativo na segurança regional.
Ainda não há detalhes específicos sobre quando e onde a cúpula entre Kim Jong-Un e Vladimir Putin ocorrerá. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que as relações bilaterais serão uma prioridade do encontro e que serão discutidos "áreas sensíveis". Um jantar formal em homenagem à chegada de Kim também está planejado.