Marrocos foi atingido, na sexta-feira (8), por um terremoto de magnitude 6,8 graus na escala Richter, que vai de zero a 10. Mais de 2.500 pessoas morreram e estima-se que 300 mil, um terço da população, foram afetadas pelo sismo em Marrakech, cidade onde foi o epicentro do abalo.
O terremoto, considerado o mais letal desde 1960, ocorreu pouco depois das 23 horas, no horário local (19h de Brasília), a uma profundidade relativamente rasa, a cerca de 71 km a sudoeste de Marrakech, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos.
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Após 19 minutos do primeiro tremor, um segundo de magnitude 4,9 foi sentido. Ao menos 20 tremores já foram registrados no país. O rei Mohammed 6º declarou três dias de luto nacional e determinou o fornecimento de abrigo, comida e outras formas de ajuda aos sobreviventes.
A geografia montanhosa do país dificulta os resgates. De acordo com a agência EFE, o governo marroquino aceitou a ajuda da Espanha, Reino Unido, Emirados Árabes e Catar.
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A Cruz Vermelha Internacional destacou que o país da África poderá precisar de "meses, ou até anos" de auxílio para reconstrução de áreas atingidas.
Regiões mais afetadas
Segundo o Ministério do Interior, as regiões mais atingidas foram Al Haouz, Taroudant, Ouarzazate, Marrakech, Azilal e Chichaoua.
Aida Alami, repórter marroquina que cresceu em Marrakech, tem mantido contato com o país e divulgado informações nas redes sociais. De acordo com ela, o terremoto foi totalmente inesperado. “Não é um país onde as pessoas saibam o que fazer em caso de terremotos. As pessoas só ficam do lado de fora. Elas estavam realmente preocupadas com os tremores secundários e não sabiam o que fazer e ninguém lhes dizia o que fazer”, esclareceu, em entrevista à BBC News Brasil.
Marrakech é uma cidade histórica, considerada patrimônio mundial da Unesco. Segundo informações de vídeos, fotos e relatos, a cidade foi duramente destruída e suas construções se tornaram ruínas.
“Algumas das imagens chocantes que vimos nesta manhã são das antigas muralhas que circundam a cidade velha", conta Alami. “E estamos vendo escombros e muita destruição lá dentro. São edifícios muito antigos, provavelmente não foram construídos com solidez suficiente."
Uma nuvem de poeira foi vista no topo da histórica mesquita Koutoubia, de 850 anos, em Marrakech. Pessoas no local temiam que pudesse haver risco de desabamento.
Entre placas tectônicas
Marrocos está localizado entre as placas tectônicas da África e Euroasiática, o que torna o país mais vulnerável a esse tipo de fenômeno. No entanto, o terremoto da sexta-feira foi do tipo “intraplaca”, que ocorre em regiões estáveis, segundo o professor do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP) George de França, em entrevista ao Poder360°.
Relatos
"Pude ver os prédios balançando. Então saí e havia muitas pessoas na rua. As pessoas estavam em estado de choque e pânico. As crianças choravam e os pais estavam perturbados”, relatou Abdelhak El Amrani, um homem de 33 anos de Marrakech , à agência de notícias AFP.
O jornalista britânico Martin Jay, que mora no Marrocos, disse ao programa Today, da BBC Radio 4, que "foi uma noite estranha [em] quase todas as cidades do Marrocos, [onde] a maioria das pessoas ficou sentada no chão do lado de fora de suas casas ou prédios de apartamentos, porque estavam com medo do segundo terremoto que eles previram que ocorreria de duas horas mais tarde".
Maior terremoto em décadas
O terremoto de sexta-feira foi considerado o mais letal da história do país desde 1960, quando 12 mil pessoas morreram vítimas do desastre.
Até agora, são cerca de 2.681 vítimas no país, de acordo com informações mais recentes.
Jonathan Aman, repórter de ciência da BBC News, explicou que poucos terremotos de magnitude 6,8 eram esperados para este ano, e não em Marrocos.
A maioria da atividade tectônica nessa região ocorre no Mediterrâneo, e em direção à Turquia, que sofreu um violento terremoto no começo deste ano.
A surpresa traz consequências pela falta de uma preparação adequada a esse tipo de evento.
*Com informações de BBC News Brasil