A ativista brasileira e mestra em Direito, Kari Guajajara, recebeu o Prêmio de Campeões Globais Contra o Racismo nos Estados Unidos nesta quarta-feira (9) - justamente na data em que é celebrado, mundialmente, o Dia Internacional dos Povos Indígenas.
Kari Guajajara faz parte da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB Amazônia), onde atua em prol dos direitos dos povos indígenas, e como assessora jurídica da Coordenação das Organizações e Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão (COAPIMA).
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O ato de premiação ocorreu em Washington e contemplou outros quatro ativistas: Rani Yan Yan, de Bamgladesh; Saadia Mosbah, da Tunísia; Sarswati Nepali, do Nepal e Victoria Luca, da Moldávia.
O Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, foi o responsável por entregar os prêmios aos ativistas. Ele fomenta a coragem e a liderança dessas pessoas ao representarem, defenderem e viabilizarem direitos populações marginalizadas.
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"O racismo e a discriminação não são apenas moralmente incorretos, mas também fazem com que o nosso mundo seja menos seguro, menos estável, menos próspero, o que vai de encontro aos interesses dos Estados Unidos", declarou o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, durante a cerimônia de entrega dos diplomas.
A resistência de Kari é fruto de sua origem – o povo Guajajara, que é uma das populações indígenas mais numerosas do Brasil, naturais da região do Maranhão. Os Guajajara sofrem com sua situação econômica, vivendo na linha da pobreza ou da extrema pobreza. A defesa de condições de sobrevivência dignas e da garantia das terras indígenas reservadas ao povo Guajajara são algumas das pautas defendidas por Kari.
"Não existe o povo Guajajara se não tiver a floresta. Não existe a espiritualidade guajajara se não tiver a água. Naturalmente, a minha atuação profissional tem que estar relacionada a isso", diz a ativista.
A inclusão dos povos indígenas na política brasileira
O Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado em 9 de agosto, foi criado em 1994 pela Organização das Nações Unidas (ONU), a fim de comemorar e garantir os direitos humanos às diversas etnias originárias existentes no mundo.
A data serve não apenas para valorizar a cultura e as tradições da população indígena, mas também para conscientizar a sociedade da importância da implementação de políticas públicas que protejam essa população e promovam sua inclusão, não apenas no tecido social, como nas decisões públicas, através do processo eleitoral.
Como exemplo de integração dos povos indígenas na democracia brasileira, a Constituição Federal foi traduzida, pela primeira vez, para o Nheengatu, conhecido como "tupi moderno", em julho, em parceria com a Academia da Língua Nheengatu, do Tribunal de Justiça do Amazonas, da Escola Superior da Magistratura do Estado do Amazonas e da Fundação Biblioteca Nacional.
A tradução contou com o auxílio de indígenas bilíngues em português e no tupi moderno e visa promover a democracia através da acessibilidade de um material que deve ser de fácil compreensão a todos os cidadãos brasileiros.