CENSO

Por que o número de indígenas dobrou no Censo 2022?

Povos indígenas quase dobraram de tamanho em 10 anos, mas mudança vai além da demografia

Povos indígenas cresceram apesar de ataques durante governo Bolsonaro; mais da metade estão fora das TICréditos: Reprodução/350.org
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Segundo dados revelados pelo Censo 2022, os povos indígenas brasileiros cresceram 89% entre 2010 e 2022, saindo de 896.917 indígenas para 1.693.535 de pessoas em 12 anos.

Cerca de 45% dos indígenas estão concentrados no Norte e no Nordeste. Ambas as regiões reunem 76% dos indígenas brasileiros. Mais de 86% das cidades brasileiras possuem residentes desses povos.

O censo revela que mais de 63% dos indígenas brasileiros não moram em terras demarcadas, o que demonstra uma necessidade de continuidade do trabalho da Funai em prol das TI. Vale ressaltar que, durante o governo Bolsonaro, as demarcações foram travadas, e só foram retomadas durante o governo Lula.

A TI com maior presença de indígenas é a Yanomami, com mais de 27 mil residentes. É seguida pela Raposa Serra do Sol (RR), com mais de 26 mil moradores.

Por que os povos indígenas cresceram tanto?

O aumento de 89% de indígenas não se justifica em uma simples explosão demográfica, mas em uma mudança metodológica. Antes, o censo se baseava na pergunta "cor ou raça" para definir se o brasileiro era indígena ou não, além das contagens das TIs.

Neste ano, a metodologia mudou, e adotou a participação das comunidades indígenas na coleta dos dados e considerando também que existem outras regiões com pessoas indígenas para além das terras demarcadas.

Ou seja: o IBGE provavelmente subnotificava os povos indígenas na metodologia anterior, e conseguiu acertar com melhor precisão.

"Somos 1,7 milhões de indígenas no Brasil segundo o último censo divulgado pelo IBGE, ou seja, 0,83% da população do País. Uma minoria fundamental ao Brasil num contexto de mudanças de paradigmas em relação à Política, economia, meio ambiente e sociedade", comentou Beto Marubo, ativista político em defesa dos povos indígenas do Vale do Javari, através das redes sociais.