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Referência em educação, Suécia volta a investir em livros físicos em ação oposta a do governo de SP

A ministra das Escolas do país publicou um artigo sobre os prejuízos de manter apenas a leitura digital entre os alunos

A Suécia disponibilizou R$ 315 milhões para a distribuição de livros físicos.Créditos: Pixabay
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Após o governo de São Paulo adotar material 100% digital, a Suécia, país exemplo na digitalização de conteúdo, segue na contramão da decisão de Tarcísio de Freitas (Republicanos) e mantém a hibridização de seus livros.

A decisão da Suécia de voltar a investir em livros físicos se deu após pesquisas científicas e acompanhamento de desempenho dos alunos no sistema educacional, que já estava no processo de digitalização há 15 anos.

A ministra das Escolas da Suécia, Lotta Edholm, chegou a escrever um artigo sobre o assunto em que aponta os prejuízos da ausência de livros físicos na educação por meio de estudos realizados pela agência nacional sueca.

O país oficializou a ação em maio ao destinar R$ 315 milhões para a compra de livros didáticos em papel, investimento que permanecerá nos anos seguintes.

De acordo com Edholm, os estudantes que utilizaram os livros físicos para estudar apresentaram melhor entendimento dos principais pontos do texto e compreensão do assunto, além de se lembrarem melhor do que estava escrito.

Outro ponto a ser discutido é a grande exposição de crianças e adolescentes às telas. Mesmo sendo utilizados para leitura, os dispositivos eletrônicos possuem diversas notificações e acesso a conteúdo imediato, o que pode afetar a leitura e a concentração do leitor. Entre outros prejuízos da utilização de telas a longo prazo, estão problemas físicos na infância, como danos na visão, por exemplo.

Outras pesquisas basearam a medida sueca, como um estudo de 2017 da Universidade de Wurtzburgo, na Alemanha, que revela que as crianças do ensino fundamental, entre a 1ª e a 6ª série, leem mais rápido nos livros digitais, mas possuem menos precisão na leitura.

Além disso, a avaliação internacional de leitura, Pirls, divulgou dados positivos da Suécia referente aos seus leitores quando comparados aos outros países europeus, porém o governo sueco percebeu declínio no hábito de leitura do país.

São Paulo na contramão

O Secretário da Educação Renato Feder foi responsável por abdicar a utilização do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), gerenciado pelo Ministério da Educação (MEC), do 6° ao 9° ano, no estado de São Paulo. A decisão não teve nenhuma pesquisa, demonstrativo ou consulta de profissionais da área como base.

A situação é um descaso para a rede de ensino público paulista, que já sofre com a precarização e falta de materiais simples e essenciais, como papéis, giz, dentre outros objetos que afetam a infraestrutura das escolas. Além disso, o Brasil está reestruturando a educação após severos cortes na área, realizados durante o governo de Jair Bolsonaro.

A Folha de São Paulo informou em reportagem que professores precisarão imprimir os livros digitais do governo, devido a falta de televisões e computadores em sala de aula. A medida de Feder não propõe qualquer investimento para a distribuição de equipamentos eletrônicos com a finalidade de uso individual do aluno, deixando-os desamparados.