Após o governo de São Paulo adotar material 100% digital, a Suécia, país exemplo na digitalização de conteúdo, segue na contramão da decisão de Tarcísio de Freitas (Republicanos) e mantém a hibridização de seus livros.
A decisão da Suécia de voltar a investir em livros físicos se deu após pesquisas científicas e acompanhamento de desempenho dos alunos no sistema educacional, que já estava no processo de digitalização há 15 anos.
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A ministra das Escolas da Suécia, Lotta Edholm, chegou a escrever um artigo sobre o assunto em que aponta os prejuízos da ausência de livros físicos na educação por meio de estudos realizados pela agência nacional sueca.
O país oficializou a ação em maio ao destinar R$ 315 milhões para a compra de livros didáticos em papel, investimento que permanecerá nos anos seguintes.
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De acordo com Edholm, os estudantes que utilizaram os livros físicos para estudar apresentaram melhor entendimento dos principais pontos do texto e compreensão do assunto, além de se lembrarem melhor do que estava escrito.
Outro ponto a ser discutido é a grande exposição de crianças e adolescentes às telas. Mesmo sendo utilizados para leitura, os dispositivos eletrônicos possuem diversas notificações e acesso a conteúdo imediato, o que pode afetar a leitura e a concentração do leitor. Entre outros prejuízos da utilização de telas a longo prazo, estão problemas físicos na infância, como danos na visão, por exemplo.
Outras pesquisas basearam a medida sueca, como um estudo de 2017 da Universidade de Wurtzburgo, na Alemanha, que revela que as crianças do ensino fundamental, entre a 1ª e a 6ª série, leem mais rápido nos livros digitais, mas possuem menos precisão na leitura.
Além disso, a avaliação internacional de leitura, Pirls, divulgou dados positivos da Suécia referente aos seus leitores quando comparados aos outros países europeus, porém o governo sueco percebeu declínio no hábito de leitura do país.
São Paulo na contramão
O Secretário da Educação Renato Feder foi responsável por abdicar a utilização do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), gerenciado pelo Ministério da Educação (MEC), do 6° ao 9° ano, no estado de São Paulo. A decisão não teve nenhuma pesquisa, demonstrativo ou consulta de profissionais da área como base.
A situação é um descaso para a rede de ensino público paulista, que já sofre com a precarização e falta de materiais simples e essenciais, como papéis, giz, dentre outros objetos que afetam a infraestrutura das escolas. Além disso, o Brasil está reestruturando a educação após severos cortes na área, realizados durante o governo de Jair Bolsonaro.
A Folha de São Paulo informou em reportagem que professores precisarão imprimir os livros digitais do governo, devido a falta de televisões e computadores em sala de aula. A medida de Feder não propõe qualquer investimento para a distribuição de equipamentos eletrônicos com a finalidade de uso individual do aluno, deixando-os desamparados.