ESTADOS UNIDOS

Quem é o supremacista condenado a 17 anos de prisão pela Invasão do Capitólio em Washington

Apoiador de Donald Trump, Joseph Biggs se declarava líder do Proud Boys, grupo de extrema-direita com fortes tendências neonazistas, e escreveu para sites abertamente conspiratórios

Joseph Biggs às portas do Capitólio de Washington em 6 de janeiro de 2021.Créditos: District Court for the District of Columbia
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O autointitulado líder do grupo supremacista Proud Boys, Joseph Biggs, foi condenado nesta quinta-feira (31) a 17 anos de prisão pelo crime de “conspiração sediciosa”. Ele incentivou e participou da Invasão do Capitólio de Washington, em 6 de janeiro de 2021, que questionava a legitimidade das eleições vencidas por Joe Biden. O episódio, além de demonstrar um claro ataque à democracia dos EUA, também deixou 5 mortos.

Apoiador de Donald Trump, o ex-presidente de extrema-direita derrotado por Biden em 2020, Biggs vivia na Flórida. Esteve servindo ao Exército dos EUA entre 2005 e 2013, quando recebeu uma licença médica. Entre a saída das forças armadas e a entrada nas fileiras da extrema-direita, ele passou por um percurso curioso.

Proud Boys na Invasão do Capitólio. Wikimedia Commons

Trabalhou como correspondente para o site Infowars, de Alex Jones, um famoso teórico da conspiração com entrada na extrema-direita americana. Foi responsável por divulgar famosas teorias conspiratórias como a de que o pouso na Lua, em 1969, teria sido uma farsa, ou ainda que o 11 de setembro teria sido organizado pelo próprio governo dos EUA para que uma “Nova Ordem Mundial” fosse proclamada.

Jones também é um reconhecido defensor do armamentismo civil e é próximo da National Rifle Association (NRA) – a organização lobista dos EUA que ajudou a criar, no Brasil, o Proarmas. No ano passado foi condenado a pagar 1 bilhão de dólares por divulgar fake news sobre um massacre que deixou 20 crianças mortas em escola dos EUA.

Alex Jones, o teórico conspiracionista da extrema-direita dos EUA. Michael Zimmermann/Wikimedia Commons

Biggs trabalhou para Jones até 2016, quando ingressou nos Proud Boys. Antes da Invasão do Capitólio, ele esteve entre os membros do Proud Boys que realizaram um ataque à Igreja Episcopal Africana de Washington DC, em dezembro de 2020. Na ocasião, queimaram uma faixa do movimento Black Lives Matter afixada na igreja.

Na semana anterior à Invasão do Capitólio conclamou seus seguidores a se vestirem para o “evento” de 6 de janeiro de maneira a serem confundidos com militantes antifascistas, os chamados “antifas”. O principal objetivo de Biggs, do Proud Boys e da extrema-direita naquele momento era colar o rótulo de terrorista nesses grupos, e acusá-los pelos crimes cometidos na tentativa de golpe trumpista. Parece familiar, não?

“Errei naquele dia, mas não sou um terrorista”, declarou pouco antes de ouvir sua sentença.

Acontece que o Proud Boys foi considerado um grupo terrorista em alguns países como Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Ou seja, qualquer pessoa associada a esse grupo terá o visto rejeitado caso tente ingressar nesses países. Além de Biggs, outros quatro membros do grupo Proud Boys também devem ser condenados por participação no “8 de janeiro do norte” nos próximos dias.

Proud Boys em Pittsboro, 2019. Membro usa camiseta escrito "Pinochet não fez nada errado". Anthony Crider/Wikimedia Commons