BIZARRO

Chernobyl do Mar: o país alvo de 67 bombas nucleares que deu origem ao Bob Esponja

Duas vezes mais radioativo que Chernobyl, este país abriga a verdadeira "Fenda do Bikini"

A Fenda do Biquini, é, na verdade, inspirada em uma triste história nuclearCréditos: Reprodução
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A 'Fenda do Bikini' do Bob Esponja não é um lugar verdadeiro, mas se inspira fortemente em algo que ocorreu na vida real: a explosão de uma bomba nuclear no atol de Bikini, nas Ilhas Marshall, pequeno arquipélago de ilhas e atóis na Micronésia.

O criador do desenho infantil, Stephen Hillenburg, decidiu utilizar o local como um pano de fundo para justificar as bizarrices na Fenda do Bikini. Mas a história é mais sombria que um episódio do calça-quadrada:

Em 1946, os 167 moradores do Atol de Bikini foram expulsos de onde moravam pelo Exército Americano, que utilizaria as ilhas Marshall como local para testes de suas bombas nucleares.

Entre este ano e 1948, o local foi alvo de 23 bombas nucleares, incluindo o teste de Castle Bravo, que detonou a primeira bomba de fusão de hidrogênio da história da humanidade.

Bikini era apenas parte do arquipélago das Ilhas Marshall, que receberam mais outras dezenas de testes, totalizando mais de 67 bombas nucleares no país.

Milhares de pessoas, em especial indígenas marshaleses, que viviam há séculos na região, foram deslocados ou mortos no meio deste processo.

Os moradores da "Fenda do Bikini" que viveram lá durante um breve momento nos anos 1970 tiveram de ser retirados do local por conta da alta quantidade de radioatividade no local, com seus corpos completamente contaminados por césio-137 e outros componentes nucleares.

Atol de Bikini, um paraíso ambiental destruído pelas bombas nucleares estadunidenses

Estima-se que, nos dias de hoje, as partes de terra bombardeadas Ilhas Marshall tenham até duas vezes mais radiação natural do que a usina nuclear de Chernobyl e a cidade de Prypiat.

As Ilhas Marshall buscam restituição pelos crimes ambientais dos EUA, que causaramdano irreparável à saúde da população local e do meio ambiente.

Em 1986, os EUA e a República das Ilhas Marshall assinaram o Compact of Free Association, que concedeu às Ilhas Marshall independência política e permite que os cidadãos marshaleses trabalhem e frequentem a escola nos EUA.

Contudo, os marshaleses utilizam o dólar e, além de terem sido vítimas das bombas, ainda servem como base militar para os EUA até os dias de hoje.

O país ainda busca por mais compensações e é um importante defensor da não-proliferação de armas nucleares em entidades internacionais, com o Tribunal Internacional de Justiça (TPI) e a Organização para as Nações Unidas (ONU).