Em 1945, um evento histórico ocorreu no deserto de Jornada del Muerto, no Novo México: a detonação do primeiro dispositivo nuclear, conhecido como “gadget”.
Na época, os efeitos da radiação em grande escala eram pouco conhecidos, e o fallout - a chuva de partículas radioativas após a explosão - era ainda menos compreendido. Com a explosão, muitas comunidades hispânicas e nativas foram afetadas pelo fallout.
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A história da energia nuclear começou em 1896, com a descoberta da radiação. No entanto, foi somente em 1938, com a descoberta da fissão nuclear, que a possibilidade de uma explosão atômica se tornou realidade. O Projeto Manhattan foi lançado pelos Estados Unidos para desenvolver uma bomba atômica antes da Alemanha, e culminou no teste “Trinity” em 1945.
Como foi o primeiro teste nuclear?
Em 16 de julho de 1945, o primeiro teste nuclear da história foi realizado em um polígono das Forças Armadas dos Estados Unidos, localizado no deserto de Jornada del Muerto, no Novo México.
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A bomba nuclear do tipo implosão, conhecida como “gadget”, foi detonada às 5h30 da manhã, em uma plataforma a 30 metros de altura. A explosão teve uma potência de 18,6 quilotons, equivalente a 18.600 toneladas de TNT, e foi a maior já vista na história mundial. A intensa luz gerada pela explosão pôde ser vista a uma distância máxima de 320 quilômetros
O primeiro teste nuclear da história foi um sucesso ressonante do ponto de vista militar e científico. Realizado naquele dia, o teste abriu caminho para um mundo novo e assustador.
Apenas um mês depois, os Estados Unidos lançaram duas bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, matando mais de 100 mil pessoas instantaneamente. Este evento mudou para sempre o curso da história, e suas consequências ainda são sentidas até hoje.
Os efeitos devastadores de uma explosão nuclear
Quando a bomba nuclear explode, libera energia em três etapas devastadoras. Primeiro, uma onda de choque varre tudo em seu caminho, destruindo tudo com o impulso do ar comprimido. Em seguida, um pulso de calor extremo, com temperaturas próximas às do sol, incinera tudo ao seu alcance.
Por fim, a radiação letal é emitida, causando danos irreparáveis. Mas isso não é tudo. Se a detonação ocorrer no ar, partículas leves e gases radioativos são lançados na atmosfera, atingindo altitudes de até 80 quilômetros. Os efeitos de uma explosão nuclear são imediatos e duradouros, podendo passar por gerações.
Ao explodir no ar, partículas leves e gases radioativos são lançados na atmosfera. Com o tempo, essas partículas e gases caem lentamente na Terra, em um processo conhecido como precipitação ou precipitação radioativa. Embora a precipitação radioativa não tenha o poder destrutivo ou letal de uma explosão nuclear, ela representa uma séria ameaça à vida.
Pessoas e animais podem ingerir partículas radioativas, sofrendo os efeitos da contaminação na saúde. Por isso, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) alerta para os riscos de câncer, aborto espontâneo e deformidades nos fetos. Infelizmente, a letalidade desses efeitos só foi compreendida décadas depois de centenas de testes nucleares terem sido realizados pelos Estados Unidos e outros países.
Quando a bomba nuclear conhecida como “gadget” explodiu no Novo México, suas partículas se espalharam por centenas de quilômetros (400 quilômetros). A precipitação radioativa atingiu cidades distantes como Albuquerque e Santa Fe, que o US National Park Service administra como um parque histórico. Os condados de Lincoln, Socorro, Otero e Sierra foram também particularmente afetados. Essas áreas são localizadas dentro da Bacia de Tularosa e próximas ao local do teste “Trinity”.
Em 1940, quatro condados tinham uma população total de 37.463 pessoas, de acordo com o censo federal. Essa região é predominantemente rural e habitada por brancos não hispânicos, nativos e hispânicos.
Em Socorro, os hispânicos compõem 50,3% da população, enquanto os brancos não hispânicos representam 32,3% e os nativos 11,7%, de acordo com o censo de 2020.
A região tem registrado um aumento nos problemas de saúde em pessoas saudáveis, incluindo leucemia e outros tipos de câncer. Segundo a organização Nuclear Threat Initiative, houve um aumento na mortalidade infantil em cidades como Roswell, localizada a 180 quilômetros de “Trinity”.
“Downwinders” é como são conhecidas as pessoas afetadas pela precipitação radioativa do teste nuclear “Trinity” e outras provações. Em 1995, Tina Cordova e Fred Tyler criaram o Tularosa Basin Downwinders Consortium, um grupo que luta pelo reconhecimento das vítimas da precipitação de Trinity sob a lei Radiation Exposure Compensation Act (RECA).
A lei RECA, aprovada em 1990, prevê indenizações para vítimas de testes nucleares atmosféricos e trabalhadores da indústria de urânio nos Estados Unidos, com pagamentos entre US$ 50.000 e US$ 100.000. No entanto, os “Downwinders” do Novo México afetados pelo teste “Trinity” não são reconhecidos pela lei.
*Com informações de CNN Brasil