É comum assistir em filmes pós-apocalípticos um ambiente infestado de baratas, corroborando a lenda de que, após o temido “fim do mundo”, apenas esses insetos responsáveis por causar medo e nojo em tantos seres humanos sobreviveriam. Mas esse é um mito que tem origem no ataque com bombas atômicas sofrido pelas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki em 1945. Encontradas nos escombros das cidades, foi atribuído às baratas o título de resistentes à radiação, o que é apenas parcialmente verdade.
É fato, elas são mais resistentes que os seres humanos, por exemplo, mas não sobreviveriam à uma explosão atômica se estivessem dentro do raio de ação da bomba, onde o grau de radioatividade é maior. Uma possível explicação para sua sobrevivência à bomba de Hiroshima é que, por seu corpo de tamanho reduzido e achatado, elas teriam facilidade para se esconderem em frestas e galerias subterrâneas e, por isso, não sofreram os efeitos imediatos da radiação.
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Mas, se não as baratas, qual o ser vivo mais resistente do mundo?
Segundo um estudo publicado pela revista Science, a campeã é a bactéria Deinococcus radiodurans. Ela é capaz de suportar até 1,5 milhão de rads (sigla em inglês para “dose de radiação absorvida”), o que corresponde a três mil vezes mais do que os seres humanos. Essa capacidade até lhe rendeu uma vaga no Livro dos Recordes, o Guinness Book, como a forma de vida mais resistente à radiação.
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A explicação para essa alta resistência está na anatomia da Deinococcus. Ela possui uma espécie de anel que protege o seu DNA, sendo capaz de reparar até 200 quebras, em comparação a cinco em outros organismos. Além disso, a bactéria é capaz de resistir à desidratação e temperaturas extremas. Com tanta proteção devido a um simples anel, alguns pesquisadores até apelidaram a Deinococcus Radiodurans de “Senhor dos Anéis”, em referência à clássica trilogia de livros e filmes.
Um estudo publicado na revista Frontiers in Microbiology estima ainda que a bactéria poderia sobreviver à viagem da Terra a Marte, e vice-versa. Ela foi exposta pela missão japonesa Tanpopo ao lado de fora da Estação Espacial Internacional por três anos e sobreviveu.
Para além dos seres unicelulares, um animal também é super-resistente
Os tardígrados são microanimais invertebrados que podem sobreviver nas condições mais severas: pressão e temperatura extremas, radiação, desidratação, fome e até mesmo exposição ao vácuo do espaço sideral, sendo considerados animais ultrarresistentes.
Com menos de um milímetro e meio de comprimento, quando estão em ambientes secos eles entram em um estado de animação suspensa. Nesse período de "inatividade", o açúcar faz o papel da água, em um processo conhecido como anidrobiose. Quando retornam a um habitat úmido, voltam, também, à ativa. Devido a essa capacidade, eles podem sobreviver a condições extremas, como o vácuo e temperaturas que podem variar de -270 °C a 150 °C.
Pensando nisso, já foram registrados alguns experimentos que buscaram colocar os tardígrados no espaço. Em 2007, uma equipe liderada pelo cientista Ingemar Jönsson, da Universidade de Kristianstad, na Suécia, colocou esses invertebrados para viajar em uma cápsula da Agência Espacial Europeia. Na ocasião, os animais sobreviveram, mas perderam a capacidade de se reproduzir.
E ainda podem haver milhares desses seres vivendo na lua neste exato momento. Eles estavam viajando em uma espaçonave israelense da Arch Mission Foundation, que se acidentou ao pousar na lua em abril de 2019. "Acreditamos que as chances de sobrevivência para os tardígrados são extremamente altas", disse Nova Spivack, chefe da missão, em entrevista à BBC.
Com informações do UOL.