Durante dias, o mundo acompanhou as buscas pelo submergível Titan, que desapareceu no Oceano Atlântico em uma expedição ao local onde o Titanic afundou. Na última quinta-feira (22), os destroços do veículo subaquático foram encontrados a 500 metros do navio, colocando um fim nessa odisséia.
Ao que tudo indica, a causa do desastre foi uma "implosão catastrófica" que resultou na morte dos cinco tripulantes. Agora, começa o árduo trabalho de responder à seguinte pergunta: o que causou o acidente?
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A teoria da implosão
A chave para a investigação serão os pedaços de fibra de carbono com que foi feita parte do veículo. A grande dúvida é se ele sofreu uma falha estrutural que ocasionou a ruptura do casco, que por sua vez provocou a possível implosão. Os investigadores também devem analisar se o acidente ocorreu por falta de vistorias e manutenção previamente necessários.
"A fibra de carbono falha devido a defeitos internos em sua construção. As juntas entre a fibra de carbono e o titânio precisam de uma inspeção muito cuidadosa", afirmou o engenheiro Roderick A. Smith, professor do Imperial College London. Para ele, um dos fragmentos mais importantes para responder a essa pergunta seria a seção de fibra de carbono do local da ruptura.
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“No caso de uma falha catastrófica do invólucro principal, o submersível teria sido submetido a pressões incrivelmente altas, equivalentes ao peso da Torre Eiffel, dezenas de milhares de toneladas, comprimindo a embarcação”, disse Blair Thornton, professor de autonomia marinha na Universidade de Southampton.
Will Kohnen, presidente do Comitê de Veículos Subaquáticos Tripulados da Sociedade de Tecnologia Marinha, disse que o veículo pode ter explodido "para dentro em questão de milésimos de segundo".
"Esse foi um final ‘mais gentil’ do que a situação incrivelmente difícil de ficar quatro dias no frio, no escuro, em um espaço confinado, com oxigênio acabando. Então, isso teria acontecido muito rapidamente. Eu não acho que qualquer um ali teria tido tempo de perceber o que aconteceu", acrescentou.
Outra fonte potencial de informações sobre exatamente o que aconteceu com o Titan podem ser os hidrofones, microfones subaquáticos usados ??para ouvir evidências de armas atômicas ilícitas.É possível que os hidrofones tenham detectado a implosão do submersível da empresa OceanGate e possam nos dar o momento exato de quando ocorreu a tragédia.
O que é uma implosão catastrófica?
A grande maioria dos submersíveis e submarinos que operam em profundidade, possui um vaso de pressão feito de um único material metálico de alta resistência ao escoamento.
Ele geralmente é feito de aço para profundidades relativamente rasas (menos de 300 metros ou mais) ou titânio para profundidades mais profundas. Para poder suportar as pressões de esmagamento esperadas de até 12.000 pés (cerca de 4 mil metros), um vaso de pressão grosso de aço ou titânio tem geralmente uma forma esférica.
O Titan, no entanto, era diferente.
Seu vaso de pressão era feito de uma combinação de titânio e fibra de carbono composta. Isso é um tanto incomum do ponto de vista da engenharia, pois, em um contexto de mergulho profundo, o titânio e a fibra de carbono são materiais com propriedades muito diferentes.
O titânio é elástico e pode acomodar uma ampla gama de tensões sem qualquer tensão permanente mensurável remanescente após o retorno à pressão atmosférica. Ele se contrai para acomodar as forças de pressão e se expande novamente quando essas forças são aliviadas. Um composto de fibra de carbono, por outro lado, é muito mais rígido e não tem o mesmo tipo de elasticidade.
Podemos apenas especular sobre o que aconteceu com a combinação dessas duas tecnologias, que dinamicamente não se comportam da mesma forma sob pressão.
Mas o que podemos afirmar, quase com certeza, é que algum tipo de perda de integridade teria ocorrido devido às diferenças entre esses materiais.
Isso teria criado uma falha que desencadeou a implosão instantânea devido à pressão subaquática. Em menos de um segundo, a embarcação, empurrada para baixo pelo peso de uma coluna de água de 12.000 pés, teria implodido imediatamente por todos os lados.
Com informações da BBC