TRAGÉDIA NAS PROFUNDEZAS

Entenda por que bilionários se metem em enrascadas como a do submarino Titan

Psicólogo de muitos magnatas pelo mundo, Scott Lyons explica o que faz essas pessoas procuram situações tão perigosas, podendo usar seu dinheiro para outras coisas

Submarino implodido Titan.Créditos: OceanGate/Reprodução
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Vira e mexe encontramos nos jornais a notícia de que algum bilionário morreu, ou entrou numa fria séria, devido a aventuras perigosas e comportamentos nada prudentes, vistos às vezes até mesmo como suicidas. O caso mais recente, da implosão do submarino Titan, durante uma descida às profundezas do Oceano Atlântico para “visitar” os destroços do Titanic, fez com que um questionamento voltasse a ser feito: por que pessoas tão ricas se expõem dessa maneira, arriscando suas vidas?

Quem tem uma resposta para essa pergunta é um profissional da área de saúde mental que lida justamente com magnatas e endinheirados mundo afora. Scott Lyons é psicólogo norte-americano e tem como clientes vários bilionários. Numa entrevista ao jornal britânico DailyMail, ele explicou como funciona esse mecanismo que leva os super-ricos a tomar atitudes que podem levar à morte.

“Eles procuram por coisas que os fazem sentir que estão vivos. Como já existe uma segurança em suas finanças, eles buscam adrenalina e um senso de aventura em atividades perigosas”, diz Lyons.

O avanço da tecnologia nos últimos anos permitiu coisas totalmente novas, como a ida ao espaço com relativa facilidade, assim como o desenvolvimento de meios para enfrentar zonas inóspitas da Terra, como os oceanos, desertos e os polos. Não é à toa que o chamado “turismo de aventura” registou negócios na casa dos US$ 322 bilhões no ano passado, devendo ultrapassar a cifra de US$ 1 trilhão este ano.

“As pessoas procurarão mais emoção se forem suscetíveis ao tédio. À medida que você se torna mais extravagante na vida, as coisas se tornam menos emocionantes. Você está procurando as novidades da vida à medida que as coisas se tornam tão disponíveis para você”, explica o psicólogo.

Outro ponto que Lyons ressalva é a cultura da “exclusividade”, ou seja, poder fazer aquilo que a imensa maioria das pessoas, mesmo as que têm bastante dinheiro, não podem fazer. Isso tem sido uma atitude recorrente entre os bilionários de todos os cantos do planeta.

“Tenho muitos clientes bilionários. Claro que é disponibilidade, mas também é exclusividade. Isso faz você se sentir importante e especial, especialmente se houver baixa autoestima envolvida, o que com certeza pode acontecer. O dinheiro não necessariamente vai ter dar autoestima”, concluiu o profissional.