O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou com a ex-presidenta Dilma Rousseff, que atualmente comanda o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, da sigla em inglês), o 'banco dos Brics', em Paris, capital francesa, nesta quinta-feira (22).
Lula postou nas redes sociais a foto que registrou o encontro com a sua sucessora na Presidência da República após seu segundo mandato como presidente.
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Dilma Rousseff está em Paris para participar do Cúpula para um Novo Pacto Global de Financiamento (leia mais abaixo) como representante do banco dos Brics - bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
O NDB, junto com outros nove bancos multilaterais de desenvolvimento, delineou princípios conjuntos de como garantir o alinhamento de novas operações com as metas de mitigação e adaptação do Acordo de Paris.
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A instituição financeira também pretende direcionar 40% de seu financiamento total no período de 2022 a 2026 para projetos que contribuam para a mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
Cúpula para um Novo Pacto Global de Financiamento
A Cúpula para um Novo Pacto Global de Financiamento é organizada pelo presidente do França, Emmanuel Macron. Anunciado ainda em novembro de 2022, durante a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 27), no Egito, o encontro em Paris reunirá dezenas de chefes de estado e ministros do primeiro escalão de governos como China e Estados Unidos.
A ideia do presidente francês é "fazer um balanço de todos os meios e formas de aumentar solidariedade financeira com o Sul". E é neste ponto que se insere a proposta, que será defendida pelo Brasil, de ampliar os mecanismos de cooperação para além do combate às questões climáticas. O presidente Lula é considerado um dos principais convidados do evento.
Preparativos para a Cúpula dos Brics
Em Paris, Lula se reuniu com o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa. Na pauta, a Cúpula dos Chefes de Estado dos Brics, que será realizada na cidade sul-africana Joanesburgo, de 22 a 24 de agosto.
Lula e Ramaphosa também discutiram opções para trabalhar pela paz no conflito entre Rússia e Ucrânia. O presidente sul-africano comentou sua participação na comitiva de altos representantes de países africanos (junto com Comores, Congo, Egito, Senegal, Uganda e Zâmbia) que esteve em Kiev para uma audiência com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e em Moscou para conversar com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e debater caminhos para uma solução pacífica.
Refazendo laços com Cuba
O presidente brasileiro também teve encontro com o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel. Pelas redes sociais ele destacou que está em curso a retomada de diálogos bilaterais abandonadas durante o mandato de Jair Bolsonaro.
Mercosul-União Europeia
Nesta quinta, antes de embarcar para Paris, em Roma, Lula concedeu uma entrevista coletiva e declarou que considera inaceitável a proposta da União Europeia (UE) no acordo de livre comércio com o Mercosul, que prevê punições para o descumprimento do Acordo de Paris, tratado internacional sobre mudanças climáticas adotado em 2015.
“Essa proposta de acordo não está em conformidade com aquilo que é o sonho de países da América Latina, como o Brasil, que quer ter o direito de recuperar sua capacidade de industrialização. O Brasil já teve um Produto Interno Bruto [PIB] industrial de 30%, hoje o nosso PIB é apenas 10%”, disse o presidente brasileiro.
Lula também criticou a carta adicional enviada pela União Europeia ao Mercosul, considerando-a inaceitável. Ele argumentou que os países ricos não cumpriram os compromissos do Acordo de Paris, do Protocolo de Kyoto e da decisão de Copenhague, destacando a necessidade de sensibilidade e humildade por parte desses países. O ex-presidente afirmou que está preparando uma resposta para a União Europeia, visando a um acordo que beneficie ambos os continentes.
Agenda em Paris
Em Paris, Lula participa de uma reunião bilateral com o presidente Emmanuel Macron para discutir a resolução aprovada pela Assembleia Nacional francesa na semana passada, contrária à ratificação do acordo Mercosul-UE.
O presidente brasileiro considerou a medida como uma postura rígida por parte da França, destacando a importância de compreender que todos os países têm o direito de defender seus interesses agrícolas. Lula defendeu que é necessário abrir mão do perfeccionismo e do protecionismo para construir um acordo que melhore a situação da União Europeia e da América do Sul.
Além disso, Lula defendeu alterações nos pontos do acordo de livre comércio referentes a compras governamentais.
O acordo Mercosul-UE, aprovado em 2019 após 20 anos de negociações, precisa ser ratificado pelos parlamentos de todos os países dos dois blocos para entrar em vigor. A negociação envolve 31 países e poderá levar anos e enfrentar resistências.
Visita oficial à Europa
Nesta semana, Lula cumpre intensa agenda na Europa. Na Itália, nesta quarta-feira (21), o presidente se encontrou, entre outros, com o presidente italiano, Sergio Mattarella, e a primeira-ministra do país, Giorgia Meloni; com o prefeito de Roma, Roberto Gualtieri.; e com o Papa Francisco, no Vaticano.
Após a entrevista coletiva, Lula embarcou para Paris. Na capital francesa, ele participa da Cúpula sobre o Novo Pacto Global de Financiamento e terá encontro bilateral com o presidente Emmanuel Macron e outros líderes que estarão na cidade para a cúpula.
Lula também fará o discurso de encerramento do evento Power Our Planet, a convite da banda Coldplay, na noite desta quinta. O evento será realizado no Campo de Marte, em frente à Torre Eiffel, e também terá a presença de líderes do Timor Leste, Barbados, Gana e Quênia, além da prefeita de Paris, Ane Hidalgo.