DIPLOMACIA

Lula encontra Papa e Vaticano cita exemplo brasileiro em acolher ucranianos

Durante reunião com o Santo Padre, presidente brasileiro trata de problemas atuais, como a Guerra entre Rússia e Ucrânia e o flagelo da fome no mundo

Créditos: Presidência da República (Ricardo Stuckert)- Lula é recebido pelo Papa Francisco no Vaticano
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou com o Papa Francisco, no Vaticano, nesta quarta-feira (21). A reunião realizada no início da tarde na Itália (14h30, no horário local; 9h30 no Brasil). Os dois conversaram sobre problemas atuais, como a guerra entre Rússia e Ucrânia, e a questão da fome no mundo.

"Agradeço o Papa Francisco pela audiência no Vaticano e a boa conversa sobre a paz no mundo", postou o presidente.

A preocupação com o flagelo da fome une Lula e Francisco há muito tempo. O presidente brasileiro, em declarações anteriores, já destacou que o Santo Padre ajudou a moldar uma nova mentalidade para enfrentar a desigualdade no mundo.

Na live 'Conversa com o Presidente' realizada nesta segunda-feira (19), Lula, entre outros assuntos, falou sobre a conversa que teria com o Papa Francisco. Ele antecipou que convidaria o pontífice para participar do Círio de Nazaré, maior festa católica do Brasil, que ocorre em outubro e como trataria a luta contra a fome no mundo.

"Tomei a liberdade de ligar para o Papa e pedi para visitá-lo. Quero conversar sobre a guerra e sobre a desigualdade no mundo. Eu já tinha feito uma visita ao Papa antes da pandemia e falamos sobre o combate a fome. É preciso uma consciência mundial para nos indignarmos contra a fome no mundo. O problema não é falta de produção de alimentos", antecipou Lula

Refugiados ucranianos no Brasil

Lula também avisou que abordaria acordos de paz envolvendo os conflitos armados entre Rússia e Ucrânia. Um dos vieses desse tema está na agenda do Papa Francisco. Nesta terça-feira (20), Dia Mundial dos Refugiados, o Santo Padre foi às redes sociais e deu uma pista sobre um dos assuntos que poderia tratar em seu encontro com o presidente brasileiro.

"Vendo Cristo presente em tantos desesperados que fogem de conflitos e alterações climáticas, é preciso enfrentar o problema do acolhimento sem desculpas e sem demora", escreveu.

O pontífice, em seus posicionamentos diante da realidade migratória, reforça com frequência os quatro verbos em atenção às pessoas migrantes: “acolher, proteger, promover e integrar”. Ele também observa que qualquer que seja o local em que um refugiado escolha para construir o futuro, o importante é que lá haja sempre uma comunidade pronta a não deixar ninguém de fora.

Um dos exemplos de acolhimento a refugiados da Guerra da Ucrânia pode ser visto no pequeno município paranaense de Prudentópolis, com mais de 50 mil habitantes, localizado a 200 quilômetros de Curitiba.

Segundo relatou ao site Vaticano News o pároco da cidade, padre Dionísio Horbus, da Igreja São Josafat, a comunidade de Prudentópolis se mobilizou para receber refugiados ucranianos assim que o conflito foi deflagrado, em 24 de fevereiro de 2022. Essas pessoas já voltaram para a Europa. 

Neste ano, em mensagem para o 109º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado que será celebrado pela Igreja Católica em 24 de setembro, com o tema “Livres de escolher se migrar ou ficar”, o Papa Francisco reforçou a importância desse tipo de iniciativa do município do Paraná.

"Enquanto trabalhamos para que toda a migração possa ser fruto de uma escolha livre, somos chamados a ter o maior respeito pela dignidade de cada migrante; e isto significa acompanhar e gerir da melhor forma possível os seus fluxos, construindo pontes e não muros, alargando os canais para uma migração segura e regular”, afirma o Santo Padre.

Agenda intensa de Lula

O presidente brasileiro cumpre uma intensa agenda de reuniões em seu segundo dia em Roma. Além do encontro com o Papa Francisco, Lula teve uma audiência no início da manhã, às 9h30 (4h30 de Brasília),  com o ex-primeiro-ministro italiano Massimo D'Alema. Às 10h (5h de Brasília), o mandatário brasileiro se reuniu com a secretária-geral do Partido Democrático Italiano, Elly Schlein. 

Às 12h15 (7h15 de Brasília), no Palácio Quirinale, Lula se encontrou com o presidente da Itália, Sergio Mattarella. Essa foi a primeira visita oficial de um governante brasileiro ao país desde a ida da ex-presidenta Dilma Rousseff, em 2015.

Na sequência, a partir das 17h (12h em Brasília), houve uma reunião bilateral com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni. No fim do dia, às 18h (13h em Brasília), o último compromisso do presidente foi um encontro com o prefeito de Roma, Roberto Gualtieri. Ele foi um dos políticos estrangeiros a visitar o presidente Lula em Curitiba, em julho de 2018.

Na quinta-feira, antes de embarcar para Paris, na França, o presidente vai conceder uma entrevista coletiva na capital italiana pela manhã.